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Coronavírus

Itália faz a mesma coisa que a China mas só a China é malvada

Diversas medidas duras têm sido tomadas pelo Estado italiano para conter a doença.

De acordo com o boletim divulgado no último dia 13 pelo Ministério da Saúde italiano, 17.660 pessoas foram diagnosticadas com Covid-2019 — o novo coronavírus — no país europeu. Apenas de quinta (12) para ontem, houve um aumento de 2.547 no total de casos confirmados. Até o momento, 1.266 pessoas morreram e 1.439 já estão curados da doença que foi considerada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde no último dia 11.

Não há qualquer dúvida de que a Itália é o país onde o coronavírus tem mais se manifestado — com exceção, obviamente, da China, que é o maior país do mundo e onde a pandemia teve origem. Segundo os últimos dados, a Europa já concentra mais casos do que todos os demais países somados juntos, sendo que Espanha, Alemanha e França, que ficam próximas da Itália, já apresentaram, respectivamente, 4.334, 3.156 e 2.882 casos.

Diante deste cenário, o governo italiano decidiu tomar uma série de medidas bastante duras para conter o avanço do vírus. Segundo relatado pelo filósofo italiano Giorgio Agamben, em artigo publicado pelo jornal Il Manifesto, intitulado Lo stato d’eccezione provocato da un’emergenza immotivata (O estado de exceção provocado por uma emergência imotivada), o governo italiano teria tomado as seguintes medidas restritivas:

  1. Proibição de afastamento do município ou área em questão por todos os indivíduos presentes no município ou área;
  2. Proibição de acesso ao município ou a área em questão;
  3. Suspensão de manifestações ou iniciativas de qualquer natureza, de eventos e de qualquer forma de reunião em local público ou privado, inclusive de caráter cultural, recreativo, esportivo e religioso, ainda que realizados em locais fechados abertos ao público;
  4. Suspensão dos serviços educacionais para crianças e escolas de todas as ordens e graus, bem como a frequência das atividades escolares e de ensino superior, exceto as atividades de ensino à distância;
  5. Suspensão dos serviços de abertura ao público de museus e outros institutos e locais culturais referidos no artigo 101 do código do patrimônio cultural e paisagístico, nos termos do Decreto Legislativo de 22 de janeiro de 2004, n. 42, bem como a eficácia das disposições regulamentares sobre o acesso livre e gratuito a tais instituições e locais;
  6. Suspensão de todas as viagens educacionais, nacionais e internacionais;
  7. Suspensão de processos de concurso e de atividades de órgãos públicos, exceto a prestação de serviços essenciais e de utilidade pública;
  8. Aplicação da medida de quarentena com vigilância ativa nos indivíduos que tiveram contato próximo com casos confirmados de doença infecciosa difusa.

O caso do novo coronavírus, obviamente, é um caso excepcional e exige medidas excepcionais. Embora os governos de direita em todo mundo tendam a utilizar o caso para aprofundar leis antidemocráticas — como, por exemplo, a suspensão de manifestações políticas, o que é inadmissível —, seria irresponsável dizer que nenhuma medida deve ser tomada em nome de um vago e anarquista conceito de liberdade. Nosso objetivo, nesse momento, não é o de entrar no mérito das decisões do governo italiano — o qual deveria ser criticado por inúmeras razões, visto que é um governo com características fascistas —, mas sim o de comparar a repercussão das medidas emergenciais do país europeu e as medidas tomadas pelo governo chinês.

Como se sabe, a China foi o primeiro país a registrar casos de coronavírus e, nesse momento, lidera todos os índices relacionados à doença. Contudo, o país asiático é o primeiro onde a doença está apresentando um recuo. Segundo os especialistas chineses, o pico da doença já teria passado na China, de modo que os casos estão diminuindo. Isso, por sua vez, foi resultado de várias medidas tomadas pelo governo chinês, que foram, à época, criticadas por serem medidas autoritárias.

No dia 11 de março, a golpista Revista Veja, parte do esgoto cultural da direita brasileira, publicou uma matéria em que reconhece o esforço do governo chinês para conter a doença — não seria para menos, visto que o índice de 2 mil casos diários de aparecimento da doença se transformaram em menos de 100. Na matéria, a revista aponta o motivo do sucesso:

Quase 60 milhões de pessoas foram isoladas na província de Hubei e restrições de viagem severas foram implementadas dentro do país, além da obrigatoriedade do isolamento para cidadãos que viajaram ao exterior e estrangeiros.

Além disso, o governo ainda proibiu a circulação de carros e qualquer outro meio de transporte público pelas cidades mais afetadas, e ordenou o fechamento temporário de fábricas e empresas. Seguiram abertos apenas hospitais, supermercados, farmácias e outros serviços vitais.

Como não poderia deixar de ser, no fim da matéria, a revista golpista deixou sua marca suja e cínica: encontrou algum motivo para criticar a ação do governo chinês:

Especialistas, contudo, alertam para a dificuldade de reproduzir o modelo adotado por Pequim em países democráticos e nos menos desenvolvidos. “Formalmente, em países que respeitam os direitos individuais não se pode proibir o direito de ir e vir e se depende muito mais da adesão da população”, diz o professor Eliseu Waldman.

A maneira completamente oposta com a qual a imprensa burguesa lida com as medidas eficazes tomadas pelo governo chinês e as medidas — até agora ineficazes — tomadas pelo governo italiano não é por acaso, mas reflete justamente a posição do imperialismo em relação à China. Há muito tempo, a China se tornou um dos principais calos no sapato do imperialismo, que vê, a todo instante, o desenvolvimento chinês como uma ameaça a sua política de dominação global.

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