Assim como em diversos países em que a extrema-direita tomou o Estado, a Itália tem sido tomada por crescentes mobilizações populares. Levando em conta a atual etapa do capitalismo (monopolista) – e sua aparente degeneração, um regime de força torna-se a única via capaz de servir às necessidades da burguesia imperialista. Diante dessa imposição, uma polarização contrária aos regimes de caráter fascista, naturalmente, se desenvolve à medida em que a luta de classes é agudizada. No entanto, a falta de uma direção capaz de colocar um programa operário no curso dos acontecimentos, tem revelado a paralisia da esquerda ante a escalada da extrema-direita.
Os protestos iniciados em meados de novembro, em Bolonha, por um professor e três amigos, têm reunido multidões nas ruas em grandes protestos contra a extrema direita. Esse caso, não obstante, demonstra a animosidade da população com o governo de extrema-direita. Após um simples chamado nas redes sociais, cerca de 15 mil atenderam à convocação. Mattia Santori, um dos quatro protagonistas da mobilização popular, passou a ser uma espécie de porta-voz do “Movimento das Sardinhas”. Em meados de dezembro – o movimento chegou a contar com 100 mil pessoas nas ruas, enchendo a Piazza San Giovanni, em Roma; um local considerado reduto de grupos de esquerda e sindicatos. No entanto, a falta de uma política clara tem apontado para uma possível dispersão do movimento.
Na noite de 1º de dezembro, a Piazza dele Erbe, em Padova, uma grande manifestação contra a extrema-direita representada pela Liga Norte (partido do governo) e suas políticas fascistas, racistas e contra os imigrantes dos países oprimidos, colocou milhares de pessoas em movimento. O deslocamento da população contra a extrema-direita é tamanho que, em uma das manifestações, a organização tentou atrair cerca de 6 mil pessoas contra Salvini, porém, o número chegou a 13 mil pessoas nas ruas.
Embora haja uma grande espontaneidade popular para sair às ruas contra a extrema-direita, nitidamente, os protestos são espontâneos e desorganizados, o que faz com que tenham uma forte tendência de dispersão ou mesmo de serem capturados pela direita. Há que se destacar, com efeito, que a esquerda italiana está em uma paralisia enorme há anos, tendo sido a maior parte dela totalmente incorporada ao regime – como o Partido Comunista Italiano que, ao fim e ao cabo, virou o Partido Democrático – um partido com políticas neoliberais. Ademais, vale destacar que o resto da esquerda praticamente não existe. Nesse sentido, essa seria uma boa oportunidade para a esquerda voltar a ter importância no país, que, atualmente, é governado pela extrema-direita. A esquerda precisa compreender que o povo está demonstrando que quer lutar contra os fascistas.