Nesta quarta-feira (12), um projeto de lei apresentado pela oposição que, se aprovado, afastaria do poder o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (Likud), foi rejeitado pelo parlamento israelense. O texto previa que um político acusado do crime de corrupção não poderia formar um governo.
A rejeição foi aprovada pela votação de 53 votos contra 37. O líder da oposição, Yair Lapid (Yesh Atid), foi o responsável pelo projeto, que impossibilitaria Netanyahu de participar em novas eleições. Israel, uma base avançada do imperialismo mundial, e em especial do norte-americano no Oriente Médio, vive mergulhado em uma profunda crise institucional.
O primeiro-ministro de extrema-direita, no poder há mais de uma década, é o principal representante político da burguesia israelense. Se a oposição lograsse êxito em inabilitá-lo, a burguesia perderia seu representante.
A situação do país é difícil em virtude da crise econômica, dos impactos da pandemia do coronavírus. As tensões na Cisjordânia aprofundam a tensão política e social. A coalizão governamental é formada pelos partidos Likud e o partido Azul-Branco. Foram mais de 500 dias de crise para a formação de um governo, com três eleições seguidas sem um vencedor.
O partido Azul-Branco, que tem a “luta contra a corrupção” como uma de suas principais bandeiras políticas, não participou da votação, embora tenha sido solicitado pela oposição que o fizesse. Netanyahu responde a processo por corrupção. A direção do Azul-Branco afirmou, em nota, que “nossa posição fundamental sobre esse projeto não mudou. Mas votar essa lei agora é simplesmente uma tentativa de desestabilizar todo o sistema político”.
A burguesia não tem um substituto a altura para Netanyahu. A rejeição de seu afastamento deixa claro que a burguesia rejeita que ele saia por uma mera questão de conveniência, mesmo que esteja envolvido em escândalos de corrupção.
A bandeira da “luta contra a corrupção” nunca passou de hipocrisia da burguesia e dos seus partidos políticos. A campanha raivosa, moralista e fascista de denúncias histéricas contra a corrupção não passa de uma ofensiva da burguesia para eliminar seus inimigos políticos e promover golpes de Estado contra governos nacionalistas. Em todos os países, tal tipo de campanha foi um elemento organizador da extrema-direita.
No caso israelense, a hipocrisia política salta aos olhos. O partido da bandeira da “honestidade”, o Azul-Branco, negou-se a votar contra um político acusado de corrupção para manter a estabilidade política. Se fosse um político de esquerda, seguramente a direita estaria levando adiante uma campanha sistemática contra “a corrupção”.