Uma grande falácia por parte daqueles que vem desde o início da pandemia defendendo que não se deve fazer manifestações de rua é a oposição dessas manifestações ao isolamento social necessário.
Se é verdade que o isolamento é uma medida essencial para conter o vírus, é mais ainda verdadeiro que esse isolamento só pode ser garantido efetivamente através de uma política séria, que garanta que todos possam ficar em casa. Mais ainda, o isolamento social só é eficiente se há uma política de testes, se há investimentos em leitos de UTI, equipamentos e hospitais e se há materiais de segurança para toda a população. Ou seja, o combate à pandemia depende essencialmente da política.
E os governos, a começar pelo governo Bolsonaro, têm uma política oposta a qualquer combate ao vírus. No que diz respeito ao isolamento social, a maioria das pessoas sequer tiveram oportunidade de experimentar isso. Milhões de pessoas são obrigadas a sair para trabalhar desde o início da crise com o coronavírus. A população pobre que porventura pode ficar em casa, não tem condições de sustentar por muito tempo essa situação.
Diante disso tudo só uma mobilização do povo poderá garantir sua segurança. Se o povo tem que sair para trabalhar, também pode sair para protestar. É se manifestar ou morrer dentro de casa ou trabalhando. Eis a grande verdade.
Os que afirmam que a esquerda e o povo não deveria se manifestar para respeitar o isolamento social estão na realidade simplesmente colaborando com a direita que não quer e não irá fazer nenhuma medida efetiva para garantir o isolamento social.
Não é a manifestação do povo na rua que fará o maior ou menor grau de isolamento e de risco de contaminação, mas a própria política da direita golpista. Por isso, inclusive para que se tenha melhores condições para o isolamento social em primeiro lugar seria preciso derrubar nas ruas o governo Bolsonaro, que já colocou em marcha um verdadeiro genocídio contra o povo.