No último domingo (06), chegou a 104 o número de pessoas mortas pelas forças de repressão iraquianas, em meio a gigantescos protestos que tomaram conta do país desde o dia 1º de outubro. Foram feitas mais oito vítimas fatais em Bagdá, capital do país, nas mãos da polícia e dos militares. Também já são mais de 6.100 cidadãos feridos.
Os protestos eclodiram devido à insatisfação popular com a falta de serviços públicos (como assistência à moradia digna, quedas frequentes de energia elétrica e falta de água potável) e a alta taxa de desemprego.
Pedindo a derrubada do governo do primeiro-ministro Adel Abdul-Mahdi, milhares de pessoas têm saído às ruas das principais cidades iraquianas, incendiando prédios de partidos, de instituições públicas e ocupando aeroportos e prédios do governo.
Segundo alguns meios de comunicação árabes, trata-se da maior mobilização popular desde que o povo iraquiano se organizou para resistir à criminosa e genocida invasão norte-americana a partir de 2003, que simplesmente devastou o país.
E a atual crise tem relação direta justamente com a bárbara intervenção imperialista. Uma parcela dos manifestantes inclusive pertence a grupos que combateram de armas na mão a ocupação norte-americana, demonstrando que o episódio atual é uma continuação da crise desencadeada pela guerra imperialista.
A invasão dos Estados Unidos se deu em 2003, com a desculpa de que o então governo de Saddam Hussein possuía armas nucleares que poderiam ser utilizadas contra os norte-americanos, e que ele estaria patrocinando grupos terroristas como a al-Qaeda.
A invasão seguida de ocupação militar dos EUA mobilizou tropas de outros países imperialistas, como França e Grã-Bretanha, como de capachos dos norte-americanos, e custou a vida de um milhão de iraquianos. O país foi totalmente destruído, mas os EUA já tinham um plano para a sua “reconstrução”: a privatização de todos os serviços do Iraque para os monopólios norte-americanos, transformando a nação árabe em mais um laboratório para a fadada ao fracasso experiência neoliberal.
Logicamente, como sempre, a intenção do imperialismo nunca foi levar a democracia e a liberdade ao povo iraquiano, mas sim roubar o seu petróleo e demais recursos naturais, tomar o seu mercado – que era, na maior parte, estatizado – e ganhar uma posição militar estratégica no Oriente Médio.
A invasão foi uma completa catástrofe para os iraquianos e demais países vizinhos. Fez com que surgissem e se proliferassem diversos grupos religiosos considerados hoje terroristas pelo mesmo imperialismo, mas que são o resultado da própria opressão imposta a esses povos pela política genocida dos grandes banqueiros.
A ocupação terminou oficialmente em 2011, mas essa enganosa retirada de tropas norte-americanas ficou longe de resolver qualquer tipo de problema criado pela invasão, como provam os indicadores sociais, políticos e econômicos do Iraque atualmente.
Agora, o povo iraquiano se levanta novamente, mesmo que de maneira confusa e desorganizada, contra o saque imperialista. As convulsões sociais que tomam conta de inúmeros países pelo mundo, tanto os atrasados como até mesmo os imperialistas, mostram o tamanho da crise da política golpista e intervencionista do imperialismo pelo mundo – política que vem se desgastando cada vez mais nos últimos anos devido à crise econômica sem precedentes do capitalismo em frangalhos.