Nesta quinta (11), a polícia de Gibraltar prendeu o capitão e imediato do super petroleiro iraniano Grace 1. Em 4 de julho, fuzileiros navais britânicos e autoridades de Gibraltar apreenderam o navio petroleiro “Grace 1” por supostamente transportar petróleo para a Síria. Segundo o ministro-chefe de Gibraltar, Fabian Picardo, essas medidas foram tomadas por causa de “informações que deram ao governo de Gibraltar motivos razoáveis para supor que Grace 1 estava agindo em desafio às sanções da UE “contra à Síria”.
O Ministério das Relações Exteriores iraniano protestou contra a decisão e convocou o embaixador do Reino Unido para prestar esclarecimentos. Seu porta-voz, Abbas Mousavi, disse que Teerã considerava inaceitável a tomada do petroleiro devido as sanções em questão não serem baseadas em decisões da ONU. O vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, negou que o petroleiro detido transportava petróleo aos sírios. Em seguida, foi revelado pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, Josep Borrell, que o navio foi apreendido a pedido dos EUA. Gibraltar negou nesta quinta (11), afirmando que agiu por decisão própria “baseada na violação de leis existentes e não em considerações políticas estrangeiras”.
Na quarta-feira, o presidente do Irã, Hassan Rohani, avisou:
“Deixo um aviso aos britânicos: foram vocês que tiveram a iniciativa e serão vocês a sentir as consequências… Todos nós devemos trabalhar para garantir a total segurança das rotas marítimas à escala global… o arresto de um petroleiro iraniano é um ato insensato.”
Segundo as autoridades de Gibraltar, o navio foi confiscado ao largo do território britânico de Gibraltar, no extremo Sul de Espanha. O Irã classificou a operação como pirataria em alto mar.
Países europeus vêm andando na corda bamba desde o ano passado, quando os EUA ignoraram seus apelos e se desligaram de um pacto entre o Irã e potências mundiais que deu a Teerã acesso ao comércio global em troca de limitações em seu programa nuclear.
Nos últimos dois meses, o EUA endureceu as sanções contra Teerã visando interromper totalmente suas exportações de petróleo. Isso praticamente interditou os principais mercados ao Irã e o forçou a encontrar maneiras heterodoxas para vender seu petróleo cru.
Ainda na quinta (4), Gibraltar disse ter razões consideráveis para acreditar que o Grace 1 estava transportando petróleo cru para a refinaria de Baniyas, na Síria, mas não mencionou a propriedade da embarcação ou a origem da carga.
A suposição de Gibraltar procura enquadrar o Irã como um violador do boicote econômico da União Europeia contra a Síria. Teerã disse que o navio transportava petróleo iraniano, mas negou que fosse para a Síria. Em 5 de julho, o ex-comandante chefe da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, Mohsen Rezaï, sugeriu que o Irã confiscasse um petroleiro britânico como reação a perseguição do Reino Unido. O ministro da Defesa do Irã, Amir Hatami, disse na segunda (8) que o arresto do navio não iria ficar “sem resposta”.
Este episódio dá uma ideia clara de como o imperialismo (neste caso representado pelos EUA e o Reino Unido) age contra os países atrasados. A prisão do navio petroleiro do Irã, baseada na suposição de que este levaria petróleo à Síria, é um ataque ao Irã e a Síria e um crime contra todos os países atrasados do mundo. Uma arbitrariedade imposta para defender os interesses dos países imperialistas na região, da qual o Irã tem todo o direito de se defender.
Gibraltar é um território britânico ultramarino no extremo sul da Espanha, com uma população de cerca de 32.000 habitantes. É autônomo em todos os assuntos – incluindo a tributação – exceto na política externa e defesa, que estão sob a jurisdição do governo do Reino Unido. O Reino Unido e a Espanha disputam Gibraltar há mais de 300 anos depois do território ter sido cedido por Madri pelo Tratado de Utrecht.