A região de fronteira entre Paquistão e Índia conhecida como Caxemira é alvo de permanentes tensões entre os dois países. Normalmente as tensões são referidas pelo Ocidente como religiosas, produto do conflito entre muçulmanos e hindus. Mas o cerne do problema é histórico e tem raízes na colonização britânica, que ocupou todo subcontinente indiano durante cerca de um século. Para dominar o antigo Império Mugal, Grã-Bretanha e França patrocinaram o conflito entre grupos internos, até que a Grã-Bretanha foi capaz de dominar toda região. Em 1947, os ingleses se retiraram, mas procuraram manter uma relação de exploração e dependência com aquele povo. Para isso, um dos recursos foi enfraquecer o poder central, estimulando a divisão do vasto território, deixado em guerra civil, e alimentando uma tensão permanente.
Nesta quarta-feira (21/8), o ayatolá iraniano Seyed Ali Khamenei, reunido com o presidente Hasan Rohani, denunciou os britânicos como responsáveis por deixar esta “ferida aberta”, patrocinando tensões entre os grupos lá existentes, para manter a instabilidade entre os dois países. Khamenei pediu às autoridades indianas que seguisse uma política justa com respeito à população muçulmana que vive naquele país.
As tensões têm aumentado na Caxemira, desde o início do mês, que a Índia deixou de reconhecer a autonomia da região, e passou a bloquear o movimento livre de pessoas no lado que alega pertencer ao seu território, além de fechar as escolas da região. O governo impôs um “apagão informático”, interrompendo as comunicações e a liberdade associativa da população, e já prendeu mais de 4 mil pessoas. O Paquistão também reagiu à medida indiana, retaliando com bloqueio comercial a determinados bens e a suspensão de acordos comerciais. A tensão escala e é difícil imaginar que não haja participação de interesses imperialistas. Autoridades militares de ambos os países argumentaram, esta semana, que podem usar arsenal nuclear para dissuadir o inimigo.