A greve dos petroleiros chega ao 19º dia, o que já se afirmou como a maior mobilização da categoria desde a greve histórica de 1995. Segundo a FUP (Federação Única dos Petroleiros), a greve conta a adesão de mais de 21 mil trabalhadores da Petrobras parados em 121 unidades e 13 estados. A paralisação atinge refinarias, plataformas, termelétricas, usinas, entre outros, de acordo com a federação.
A greve foi motivada pela demissão de cerca de 1000 trabalhadores da empresa Araucária Nitrogenados (Ansa). A Ansa é a antiga Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen), ligada à Petrobras. Além disso, o descumprimento por parte da Petrobras do acordo coletivo de trabalho e a política de desmonte e privatização do sistema Petrobras são pautas fundamentais do movimento grevista.
A greve, apesar da tentativa de ignorar o movimento por parte da imprensa capitalista, gerou um forte impacto sobre a sociedade brasileira. Até mesmo por começar no início do ano, antes mesmo do feriado de carnaval. Depois de diversos ataques e ameaças por parte da direção da empresa, que contratou inclusive um contigente emergencial de “fura-greves” para tentar enfraquecer o movimento, a greve cresce a cada dia.
Na segunda-feira (17), o ministro do TST, Ives Gandra Martins, declarou que o movimento era ilegal, exigindo o retorno imediato ao trabalho sob risco da abertura de processos administrativos contra os trabalhadores que podem resultar em sua demissão. Neste terça-feira (18), o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná suspendeu as demissões na Ansa até a próxima audiência entre o sindicato que representa a categoria e a estatal, que irá ocorrer em março. Tais decisões ressoam tanto a tentativa de esmagar o movimento por parte da burguesia, assim como expressa a pressão exercida pela categoria. Segundo informações veiculadas de forma discreta por órgãos de imprensa capitalista, a empresa conta com um estoque de combustíveis que permite abastecer os postos de combustíveis por cerca de 10 dias. É difícil dimensionar o real impacto da greve, mas é certo que a empresa amarga um grande prejuízo devido à paralisação.
Depois da decisão dos trabalhadores de manter o movimento grevista, o ministro do TST, Ives Gandra Martins (conhecido reacionário ligado à Opus Dei), resolveu apresentar uma proposta de “negociação” depois de ter declarado a ilegalidade do movimento. A proposta de negociação para sexta-feira entre a direção da empresa e FUP, requer que os trabalhadores encerrem a greve sem qualquer garantia. A proposta do ministro é uma tentativa de “desarmar” os trabalhadores para que negociem com a direção da empresa (indicada por Bolsonaro) e com o próprio TST, que se tornou o “coveiro” das greves no últimos anos. Na prática, os trabalhadores serão obrigados a aceitar o que for oferecido, uma vez que não seria tarefa simples retomar a greve depois de retomar o trabalho.
A oferta de “negociação”, mesmo sendo uma farsa, expressa o fato de que a greve é uma força que tentam controlar a todo custo, Inclusive sob o risco do movimento se espalhar para outras categorias. A única resposta possível para a vitória dos trabalhadores é apronfundar o movimento, ocupando os postos de trabalho, expulsando os fura-greve e levantando a campanha pelo “Fora Bolsonaro”, como principal responsável pela poítica de destruição da estatal e do direito dos trabalhadores.