O reacionário José Nêumanne, em sua coluna no jornal golpista O Estado de S. Paulo, fez uma acusação baixa e difamatória contra o sítio The Intercept, tachando-o de um veículo de espionagem.
“Intercept é espião, não jornal”, afirmou o colunista no título de seu artigo de propaganda. O argumento para embasar a acusação? Nenhum. Tenta traçar uma ligação direta entre Glenn Greenwald, Julian Assange, o governo russo, o Telegram e, finalmente, o vazamento das conversas entre Sérgio Moro e procuradores da Lava Lato.
Esta é a “prova” de que o Intercept não passa de um espião:
“O hacker Julian Assange, parceiro do americano no caso de espionagem do Wikileaks, preso em Londres, é acusado de espionagem pelos Estados Unidos e estupro na Suécia. Este envolveu-se com russos, origem do aplicativo Telegram, que teria sido usado pelo ex-juiz Moro e por procuradores da Lava Jato e invadidos”, escreveu Nêumanne.
Primeiro, ele próprio comprova como é um difusor da propaganda imperialista contra Assange e o Wikileaks, que divulgaram dados sigilosos de interesse público os quais evidenciam a espionagem… do governo dos EUA, particularmente da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês). Por isso foi montada uma acusação farsesca contra o “hacker” – a de que teria cometido estupro e, portanto, deveria ser preso.
A Rússia tem sido brutalmente atacada pelos EUA, dentre os casos está este de conceder asilo a Assange, um perseguido político do imperialismo. Obviamente, Putin usa isso como uma represália e uma carta na manga para se defender de todos os ataques que sofre de Washington. Mas isso torna Assange um agente de Moscou. E o Telegram, apenas por ser russo, também. Mesmo que o dono do aplicativo seja um empresário contrário a Putin e viva fora da Rússia. Por exemplo, Pavel Durov se recusou a liberar os dados dos usuários do Telegram para o governo russo, o que já mostra a falta de vínculo entre o Kremlin e o aplicativo.
Mas, para o “jênio” Nêumanne – talvez sabendo que seus leitores são tão “jeniais” como ele -, está claro: o Intercept é um espião russo. Na verdade, isso não passa de uma tentativa das mais rasteiras de desacreditar os vazamentos feitos pelo sítio norte-americano (ué?), que colocam em xeque a Lava Jato e o próprio golpe. Trata-se, também, de uma campanha de perseguição política e contra a própria liberdade de imprensa.
E o curioso é que quem acusa o Intercept de ser um espião russo é justamente a imprensa golpista, que demonstrou diversas vezes que nada mais é do que um monopólio a serviço direto dos interesses imperialistas dos EUA.