Nesta quarta-feira (25), Flamengo e Internacional se enfrentaram, no Maracanã, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro. A partida terminou com vitória rubro-negra (3 a 1), levando o time carioca aos 48 pontos e consolidando ainda mais sua liderança isolada no campeonato. O jogo, no entanto, também foi marcado por inúmeras polêmicas de arbitragem, e o VAR, é claro, deu sua costumeira contribuição para a confusão.
A missão do Inter de enfrentar o melhor time da competição na casa do adversário, missão já bastante difícil, ficou ainda mais complicada pelas expulsões do lateral-direito Bruno, após pênalti em Gabigol, e do atacante Guerrero, após reclamação com o árbitro pela não marcação de um pênalti e de uma falta que teria sofrido em lances com o zagueiro Rodrigo Caio.
Independentemente do acerto ou do erro das decisões do árbitro nesses casos, o que chama a atenção é a absoluta arbitrariedade no uso do árbitro de vídeo. Por que, de um jogo para o outro, ou dentro de uma mesma partida, o VAR é utilizado num caso e não é utilizado num outro caso semelhante? Por que o árbitro da partida, que havia dado inicialmente o cartão amarelo para o lateral Bruno, trocou a cor da cartão, após uma aparente conversa com a cabine do VAR pelo rádio, e expulsou o jogador? Por que não reviu o lance no tela do VAR? Por que não se consultou o VAR no lance em que se poderia marcar o pênalti sobre Guerrero?
Diante da inexplicável ausência do VAR neste jogo, o técnico colorado, Odair Hellmann, chegou a comentar: “O VAR passeou no Maracanã”. O vide de futebol do Inter, Roberto Melo, também criticou a seletividade no uso do árbitro de vídeo: “O VAR era para ajudar e ajuda só a quem ele quer ajudar. Contra a Chapecoense, precisamos fazer três gols para valer um. Em todos os VAR foi usado. Por que hoje não foi? Teve pênalti vergonhoso no Guerrero, por cima e por baixo, e sequer foi chamado. É essa a orientação? Ou dependendo de para quem apita é diferente?”
A tão prometida eliminação dos erros e polêmicas de arbitragem, como resultado da introdução do VAR no futebol, parece a cada dia mais distante da realidade. Na verdade, tal promessa nunca passou de promessa falsa, feita para ludibriar os tolos ou incautos e cuja razão de ser estava em encobrir o significado real e efetivo do VAR, que é o de instrumento de intervenção externa no jogo, uma ferramenta para que os que estão “fora de campo” possam interferir e influenciar mais diretamente nos destinos de uma partida de futebol. A necessidade crescente de interferir e influenciar os jogos através de mecanismos de intervenção externa responde, por sua vez, aos interesses dos grandes grupos capitalistas que controlam cada vez mais o futebol e necessitam de maneira imperativa reduzir os riscos e a participação do acaso (leia-se: dos times, técnicos e jogadores) nos seus negócios.
Jogo após jogo, a fantasia da “justiça” trazida pelo VAR é destroçada pelos efeitos práticos e reais da utilização do recurso tecnológico. A situação de crise só aumenta, e as manobras para tentar justificar o árbitro de vídeo são cada vez mais artificiais e se aproximam do cinismo ou do ridículo. É preciso dizer claramente que o árbitro de vídeo não gerou qualquer tipo de justiça nos resultados dos jogos e que substituiu as polêmicas dos lances duvidosos pelo mais puro arbítrio e, muitas vezes, pela manipulação aberta. É preciso uma grande campanha, com participação sobretudo dos torcedores, para combater essa medida que tem como intenção acabar com o futebol: fora VAR!