Foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (19/07), o nome do novo superintendente do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do Estado do Pará. Segundo o DOU, o general bolsonarista do Exército João Carlos Jesus Corrêa, que é presidente do Incra, a nomeação do ex-deputado pelo PSD e Coronel da Polícia Militar Neil Duarte.
O Coronel da PM Neil Duarte foi acusado, juntamente com outros 17 policiais, de homicídio e formação de milícia no Estado do Pará. Segundo as investigações, o Coronel comandou a execução de quatro adolescentes próximo à Rodovia do Tapanã, região metropolitana de Belém, em 1994. No ano passado todos os policiais foram absolvidos, apesar da comprovação da prisão, tortura e execução dos jovens. A procuradora não recorreu da decisão, o que deixa muitas dúvidas sobre a absolvição.
Nesse caso houve a acusação de formação de milícias de policiais, em que o Coronel está envolvido, e que atuam na execução de pessoas no Pará. Na mesma região no ano passado, uma chacina, com características semelhantes, ocorreu e dez pessoas foram brutalmente assassinadas. Todos sabem que essas milícias são os antigos Esquadrões da Morte, formados por policiais para matar dirigentes e lideranças no período da ditadura militar e que existem até os dias atuais. As chacinas realizadas pelos esquadrões da morte formados por policiais no Pará são recorrentes.
Seguindo o mesmo resultado da violência policial, o Estado do Pará é o mais violento contra os trabalhadores do campo. Segundo os dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 32 anos de coleta de dados de assassinatos no campo, a região Norte sempre liderou com os números da violência e contabiliza 658 casos com 970 vítimas e dentre os Estados da região, o Pará é o estado que lidera, com 466 casos e 702 assassinatos.
Em 2017, policiais civis e militares organizaram uma ação que resultou na execução de 10 trabalhadores rurais sem-terra, onde a chacina ficou conhecida como o Massacre de Pau D’arco. Essa chacina revelou ainda mais a ação desses esquadrões da morte, que também atuam contra os trabalhadores sem-terra no Amazonas e em Rondônia.
A nomeação do Coronel da PM para a superintendência do Incra paraense representa mais um passo para o avanço da política fascista e, consequentemente, no esmagamento das lideranças dos movimentos de luta pela terra.
O bolsonarista terá acesso a todos os arquivos do Incra, obtendo nomes de lideranças rurais e vai se reunir com muitos movimentos e seus representantes. Este fato vai colocar nomes e locais para os esquadrões da morte que atuam em todo Pará. A repressão vai aumentar no Estado do Pará, caso os movimentos de luta pela terra e as organizações de esquerda não reajam a essa situação.
A única medida que o coronel do esquadrão da morte vai colocar em prática é a repressão em benefício dos latifundiários e grileiros de terra.
Esse é o resultado da militarização dos ministérios e secretárias do país e que revela que não é possível a convivência com a direita e, muito menos, aguardar as eleições de 2022 para supostamente mudar essa situação.
É uma política suicida que vai levar o país para o fascismo e o esmagamento das organizações de trabalhadores. Por isso, não há tempo para a política de “resistência”, mas de mobilizar os trabalhadores para derrotar o governo Bolsonaro.
Os movimentos de luta pela terra têm que levantar essa bandeira do fora Bolsonaro e se somar aos trabalhadores da cidade para derrotar os golpistas. Essa é a única opção para os trabalhadores do campo.