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Os fascistas desavergonhados

Integralista no governo: a expansão do fascismo

Enquanto a esquerda se amedronta e aposta nas eleições, recusando-se a assumir o Fora Bolsonaro, a extrema-direita escancara seu fascismo e o promove dentro do governo.

Recentemente um grupo fascista que se autodenomina integralista assumiu a autoria de um atentado à produtora do grupo Porta dos Fundos, após uma pseudo polêmica em torno de seu último ‘especial de Natal’, no qual se coloca em dúvida a sexualidade de Jesus a partir do evento chamado Tentação no Deserto.

O personagem principal desse atentado é Eduardo Falzi (Richard Cerquise) que, avisado por alguém da polícia ou com acesso à investigação, fugiu do país quando tinha mandado de busca e apreensão contra si.

Falzi e seu grupo, autointitulado Comando de Insurgência Popular Nacionalista, que, segundo eles faria parte da “Família Integralista Brasileira” têm histórico como criminoso e como militante de extrema-direita (infiltrado em manifestações).

Os integralistas são fascistas, nasceram sob a égide do fascismo e sustentaram ideias fascistas durante todo o tempo em que existiram, desde 1932. O Integralismo, enquanto movimento, apresentava-se como Ação Integralista Brasileira (AIB)[1].

Fundado por  Plínio Salgado, um ultraconservador de extrema-direita, deve ser compreendido no contexto global de surgimento de  partidos de extrema-direita que surgiram na Europa e na América Latina, em particular na década de 1930[2].

Os integralistas apoiam o golpe de Estado levado a cabo por Getúlio Vargas, o Estado Novo. Mas logo depois foram colocados na ilegalidade, juntamente com os outros partidos.

Em 1939, Plínio Salgado foi preso e exilado em Portugal, país em que permaneceu até o final da Segunda Guerra Mundial, o que levou a uma desmobilização dos integralistas no Brasil.

Em 1942, assim que o Brasil entra na guerra, contra, portanto, o fascismo/nazismo, cria-se no país um clima anti integralista muito forte e o movimento acabará se tornando impopular, com uma imagem negativa, como acontecerá com o nazismo e o fascismo assim que a guerra acaba.

O integralismo passou a ser identificado com o nazifascismo e aqueles que mantinham-se fiel aos seus ideias, cientes do problema de usar o termo ‘integralista’, fundaram, no final de 1945, um outro partido sem citá-lo: Partido de Representação Popular (PRP).

Atualmente  existem pelo menos duas organizações que, conforme seus estatutos, promoveriam a ideologia integralista (ou seja, nazifascista) no país: 1) Frente Integralista Brasileira;  e 2) Movimento Integralista Linearista Brasileiro. Um grupo que não usa o termo integralista em sua designação é a Associação Cívica e Cultural Arcy Lopes Estrella (ACCALE), mas que cultura personagens como Plínio Salgado e Arcy Lopes Estrella e do qual faz ou já fez parte Eduardo Falzi.

Os que se dizem integralistas hoje nasceram (ou renasceram) no contexto das chamadas ‘tribos urbanas’[3], que aparecem a partir dos anos 1970/80. Assim como os denominados “Carecas”, “skinheads”, alguns grupos punks etc, na Europa, engrossam fileiras de partidos neofascistas, teria sido um momento propício no Brasil para a retomada de ideias como a do movimento integralista, mesmo que de forma renovada.

Com a internet se popularizando, no final dos anos 1990, veremos surgir vários sites integralistas, mas foi exatamente em 2013 que os vimos ressurgirem nas ruas, pedindo a saída do PT do poder.

Evidente que não seria surpresa um apoio dos integralistas à Bolsonaro. Foi o que aconteceu durante a campanha das eleições de 2018. Quando a Frente Integralista Brasileira (FIB), formalmente declarou seu apoio à candidatura presidencial de Jair Bolsonaro.

Eduardo Fauzi ao lado de Aleksandr Dugin, teórico de extrema direita russo, guru da organização Nova Resistência.

Quando houve o atentado ao Porta dos Fundos, o assessor especial da Casa Civil, Felipe Cruz Pedri, por meio de sua conta no Twitter, afirmou que o ataque à sede do Porta dos Fundos, teria sido realizado pela esquerda, sustentando que “no Brasil o uso de milícias para fins políticos é historicamente uma prática esquerdista”.

Ironicamente, o mesmo Felipe Cruz Pedri é  um dos assessores do Planalto que escreveu o manifesto de fundação do Aliança pelo Brasil, partido idealizado por presidente Jair Bolsonaro. Um partido com todas as características nazifascistas do integralismo [4].

Por isso, não causa também nenhuma surpresa que, após o grupo integralista ter assumido autoria do atentado, de a polícia ter identificado o mentor do atentado – ligando-o de fato a um grupo integralista, o governo de extrema-direita não só não se manifestou para condenar o ataque e o grupo nazi-fascista, mas, nesta segunda-feira, dia 03 de janeiro, o presidente da Frente Integralista Brasileira no Distrito Federal, Paulo Fernando Melo da Costa, foi nomeado assessor especial da ministra Damares Alves.

Verdade que o fascista já exercia um cargo no ministério da Damares, como secretário-adjunto de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, mas foi elevado à condição de assessor especial, provavelmente porque tenha muito que ensinar à ministra sobre as ideias de Mussolini, Franco e Hitler.

Ou seja, o governo Bolsonaro já não esconde mais a que veio e quais suas verdadeiras bases. As direções partidárias de esquerda continuam negando o Fora Bolsonaro, como bandeira mais importante nesse momento, ao mesmo tempo em que se ilutem com as eleições vindouras, enquanto o fascismo perde totalmente a vergonha e amplia sua presença na sociedade, e no governo.

É urgente que se combata o desenvolvimento da extrema-direita, motivo pelo qual é fundamental a exigência do Fora Bolsonaro. É hora de apresentarmos um programa para a crise nacional e construir um partido dos operários para derrotar o avanço do fascismo. Essa hora é já.


NOTAS:

[1]As palavras que formam o nome do partido fornecem algumas pistas. “Ação” sugere mobilização, força e violência; agir e não pensar em nome da ideologia que salvaria a humanidade e implantaria um Estado forte e sem sociedade civil. “Integralista” vem de integral e remete à ideia de totalidade, que vai contra a democracia dos partidos, o sistema de representação, a diversidade e os conflitos inerentes à vida social e política. “Brasileira” se refere à defesa exacerbada do nacionalismo em oposição aos partidos estaduais, regionais e internacionalistas – como o Partido Comunista”. (CYTRYNOWICZ, Roney. A força e a pátria em ação. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, edição nº 6, p. 21-25, 2010.)

[2] Embora alguns coloquem a origem do integralismo brasileiro no integralismo português, mais antigo, não parece fácil sustentar que o integralismo português, que não se via como conservador – embora fosse monarquista, nem sustente publicamente ideias fascistas.

Na realidade, o termo integralismo está vinculado a um movimento do catolicismo, uma tendência antipluralista, que surgiu no século XIX em Portugal, Espanha, França, Itália e România. Tinha como objetivo sustentar uma interpretação de base católica para toda ação política e social, e, assim, naquele momento, buscar minimizar ou eliminar outras ideologias (como o liberalismo e o humanismo secular).

O integralismo católico pode ser visto como uma reação às mudanças políticas e culturais que se seguiram ao Iluminismo e à Revolução Francesa, fixando-se mais adiante como reação a ‘modernismo’, contra a ideia moderna de separação da Igreja e do Estado.

De toda forma, o integralismo brasileiro nasce mesmo da mente fascista de Plínio Salgado, que após sua passagem forçada pela Europa, amplia sua admiração por Mussolini et caterva.

[3] Não é uma expressão muito feliz, mas bastante utilizada desde que foi criada, em 1985, pelo sociólogo francês Michel Maffesoli, para designar grupos de pessoas que se unem com base em interesses comuns, em conformidade com hábitos, ideias maneiras de se vestir etc.

[4] É bom lembrar que o lema integralista era: “Deus, Pátria e Família”.

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