Boris Johnson foi eleito na terça-feira (23) como novo líder do Partido Conservador britânico. Com isso, o ex-prefeito de Londres assume na tarde de hoje (24) o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido. Boris Johnson será o sucessor de Theresa May, derrubada pela crise política alimentada pelas negociações da saída do Reino Unido da União Europeia.
Em seu discurso depois da vitória, Boris Johnson, que foi jornalista e apresentador de TV antes de tornar-se político, prometeu “realizar o Brexit, unir o país e derrotar Jeremy Corbyn”.
Durante a campanha pelo Brexit em 2016, liderada pela extrema-direita, pelo UKIP e por Nigel Farage, então líder do UKIP, Boris Johnson também participou da campanha pelo Partido Conservador. Naquele momento, ele abraçava uma pauta encampada pela extrema-direita contra o governo de seu próprio partido. A vitória do Brexit precipitou o fim da carreira política de David Cameron, antecessor de May no Partido Conservador e no governo britânico. Começava então uma crise política da burguesia europeia de proporções continentais. O Brexit é até agora o fato mais contundente da desagregação política do bloco político europeu.
Extrema-direita no poder
Boris Johnson é comparado na imprensa ao presidente dos EUA, Donald Trump. A comparação deve-se a características da personalidade e até mesmo da aparência física. Mas o principal ponto, logicamente, é a política: os dois representam a onda de extrema-direita que marca o deslocamento da burguesia em diversos países para a direita. Trump parabenizou Boris Johnson, e afirmou que eles deverão “caminhar juntos”.
Boris Johnson representa essa extrema-direita dentro do Partido Conservador, e o fato de que agora assume o comando dentro de um partido dividido, em meio a uma intensa crise política, expressa o deslocamento mais à direita da burguesia britânica e é uma forma de o Partido Conservador não ruir diante de partidos como o UKIP ou lideranças como Nigel Farage, que tendem a tomar para si o apoio dos conservadores.
Para não perder seu apoio para a extrema-direita, o próprio Partido conservador deslocou-se mais ainda à direita. Isso mostra uma guinada do regime político britânico como um todo para a direita. Um fenômeno que se repete também no resto da Europa. Uma diferença no caso da Inglaterra foi uma radicalização à esquerda do partido tradicional de esquerda dentro do regime, o Partido Trabalhista, sob a liderança de Jeremy Corbyn. No entanto, o partido manteve-se ambíguo em relação à UE, dando mais uma vitória à extrema-direita nas eleições para o Parlamento Europeu. Essa vitória ajudou a precipitar a vitória de Boris Johnson no Partido Conservador.