Ao mesmo tempo que o mundo sofre com os efeitos sanitários e sociais da pandemia do Covid-19, a economia capitalista que ainda não tinha se recuperado dos efeitos da crise econômica de 2008 entre um processo de declínio profundo, ampliada pela queda da produção e comércio em decorrência da generalização do confinamento social. A situação da Inglaterra, país berço da Revolução Industrial, um dos principais países imperialistas do mundo é revelador do quadro geral da fragilização da economia capitalista na atualidade.
A insegurança econômica que já era evidente na Inglaterra e no conjunto do Reino Unido devido as incertezas geradas pela saída da União Europeia foram amplificadas pelos efeitos adversos da pandemia do Covid-19.
Para tentar minimizar os efeitos devastadores na economia da crise, o Banco da Inglaterra manteve a taxa de juros referencial simbólica de 0,1%, e apronta medidas para um estimulo monetário com aplicação de recursos públicos para o resgate da economia, leia-se injetar dinheiro público nas empresas capitalistas e no sistema financeiro.
A Inglaterra ultrapassou a Itália, sendo hoje o país europeu com mais mortes devido a propagação do Coronavírus, sendo que é segundo país do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Essa catástrofe em dos país mais ricos do planeta, evidencia o grau de devastação das políticas neoliberais na Inglaterra. No caso da proliferação da Covid-19, o governo do partido Conservador adotou inicialmente a política de “ imunidade natural”, que consistia em deixar o barco correr e não fazer nada, que “naturalmente” o surto do coronavírus iria perder intensidade, na medida em que as pessoas fossem infectadas. Na verdade, essa política era fruto da pressão criminosa dos capitalistas contra medidas de distanciamento social para não afetar seus lucros.
O resultado dessa política é o descontrole total e perdas ainda maiores na economia, com a previsão de desemprego atingindo em cheio a população, com a diminuição abruta da produção industrial e perdas intensas no comércio. O Banco da Inglaterra divulgou a estimativa de um “cenário ilustrativo” de queda no PIB britânico em 15% em 2020 e novo recuo de cerca de 14% em 2021.
Este “cenário Ilustrativo” apresentado não por um economista de esquerda, mas por um organismo oficial do governo inglês é indicador das perspectivas sombrias para os próximos anos para a economia capitalista. A crise econômica já está apresentando sinais bastantes ameaçadores, com a desintegração da cadeia produtiva, uma crise de fluxo de caixa iminente, bem como o acúmulo das desigualdades sociais, com a perda de milhões de empregos, aumento da pobreza e da miséria em um país chave na economia planetária. Neste “cenário ilustrativo” o aumento da instabilidade das instituições do regime será o efeito político da crise capitalista que arrasa a economia.