“A tendência é que a gente fique assim até que saia a vacina. Não é uma questão de política de cultura, mas de saúde pública”, diz Nabil Bonduki, arquiteto, urbanista e ex-secretário municipal de cultura de São Paulo. Os maiores eventos culturais de rua, as grandes festas ligadas à cultura em espaços públicos, além de movimentar a economia, atrair turistas, divulgar a cidade e impulsionar as artes locais, também servem de vitrines nas gestões das prefeituras dos municípios e que agora, pelo menos no primeiro ano de gestão dos novos governos municipais a serem eleitos em novembro, terão que enfrentar a pandemia, com os eventos cancelados.
A aplicação de política pública na cultura, quando o gestor público realmente tem a visão de torná-la realidade, foca principalmente a valorização das culturas locais e promoção do acesso da população à cultura. E agora terá que enfrentar um desafio por conta do coronavírus, seguirá como quase todo o ano de 2020 está sendo, com os grandes festejos cancelados. Mas sabe-se que a política cultural em muitos municípios brasileiros se apoia em ocupações do espaço público em grandes acontecimentos festivos, como Carnaval e datas religiosas, então promove-se pouco a cultura fora desses eventos pontuais em várias localidades.
Mas o que farão os novos gestores públicos, sabendo que vão herdar grandes acontecimentos cancelados desde março de 2020 e, provavelmente, sem data de retorno em 2021? Serão eles capazes de estabelecer instrumentos de manutenção e incentivo à cultura e as artes, sem promover aglomerações? São questões que já podem ser feitas aos candidatos antes do voto.
Segundo ainda, o gestor municipal com essa situação, é fazer o uso do espaço público com limitação de pessoas: “É possível que se faça eventos ao ar livre sem aglomerações, num auditório com distanciamento das cadeiras, controle no número de presentes. Mas isso não vai se ver no Carnaval, na Virada Cultural (evento anual na capital paulista com programação diversa) sem que a população esteja vacinada”. Mas Nabil Bonduki ainda ressalta que a cultura não é só fazer evento: “Tem o momento de criação, formulações, oficinas, fomentos, que poderiam também gerar renda aos artistas, respeitando o isolamento ou com a realização virtual”.
Isso mostra os problemas enfrentados pelo setor cultural com a pandemia, que na verdade o grande e principal problema é a inércia do regime político fascista em questão, para superar os contágios, o que ameaça o campo da cultura. Sendo essa inércia proposital, pois o interesse da direita é a economia, não é ajudar o povo brasileiro em geral, incluindo os artistas mais vulneráveis, mas sim o interesse dos bancos e da alta burguesia. Deixando as pessoas morrem da doença ou de fome, nesse governo descaradamente assassino e mais do que nunca insuportável, fazendo mais do que necessário, no mínimo sua derrubada e no máximo sua cabeça!