O governo Bolsonaro anunciou neste sexta-feira (31) que manterá a realização da prova no Enem mesmo em meio à epidemia de coronavírus. A prova está prevista para ser aplicada em janeiro de 2021 e na aplicação da prova, que acontece em duas etapas, os estudantes devem realizar a prova usando, durante toda a prova, máscaras de proteção.
A decisão do ministério da Educação não agradou aos estudantes, que levantaram a palavra de ordem de “cancela Enem”. A prova do Enem entre outras coisas é utilizada para o ingresso de estudantes nas universidades públicas de acordo com as notas mínimas para cada curso pretendido.
O Enem, portanto, é um impeditivo para o acesso às universidades públicas, acesso este que deveria ser livre e sem qualquer barreira. Qualquer impedimento para o acesso à educação pública superior atinge sobretudo os estudantes pobres e advindos da classe trabalhadora, sendo estes os que têm mais dificuldades no ensino ao longo da vida escolar e que consequentemente encontram mais dificuldades para ingressar nas universidades.
O Enem representa na prática uma grande barreira para a juventude ter acesso ao ensino público superior e o cenário é ainda mais crítico em meio a pandemia, onde milhares de estudantes do ensino público estão sem aulas nas escolas, escolas estas já bastante sucateadas, ou tendo aulas à distância mesmo sem acesso devido à internet e material didático.
Não bastassem todas as dificuldades de aprendizado e a gravidade da pandemia a direita determinou o uso de máscara durante toda a prova do Enem, o que prejudicará o desempenho dos estudantes que terão de prestar a prova que dura horas a fio em locais fechados e sem intervalos usando máscaras no rosto.
Isto deixa evidente que o Enem não é e nunca foi algo verdadeiramente positivo para os estudantes e que sobretudo é usado pela burguesia para impor cada vez mais barreiras para o acesso da classe trabalhadora nas universidades públicas, como as provas longas e exaustivas, em locais inapropriados e agora a imposição das provas em meio à pandemia mesmo com milhares de estudantes sem condições mínimas de estudar.
A direita quer obrigar que os estudantes prestem os exames com máscaras no rosto, que sequer serão fornecidas pelo estado, em uma situação onde a maioria esmagadora dos que farão a prova não possuem condições de ter máscaras de proteção apropriada, ficando expostos ao vírus.
É preciso exigir não só o cancelamento desta edição da prova do Enem até o fim da pandemia e com testes e vacinas para todos, mas sim o fim do exame e de quaisquer barreiras para o acesso dos estudantes ao ensino superior.