Na capital pernambucana, a pandemia do vírus corona tem servido de pretexto para aumentar a ação repressiva do Estado sobre a população. Os guardas de trânsito continuam aplicando as multas nas ruas da cidade. Não há conversa. Nas cidades vizinhas de Jaboatão e Olinda os motoristas também estão na mira.
A indústria da multa, que alimenta uma série de máfias encrustradas no Estado, não entra em quarentena e não conhece crises. As multas são outro pretexto do Estado (“garantir a segurança”) para extorquir milhões de reais dos trabalhadores, sem nenhuma possibilidade de os mesmos se defenderem. Os mesmos governos não garantem condições mínimas de vida para a população, mantendo redes de educação e saúde precárias, querem alegar que têm preocupação em protegê-la.
A epidemia é mais um pretexto para cassar direitos e aumentar a opressão e o controle estatal sobre a população. Garantir a “segurança da população e salvar vidas” é o último salvo-conduto que os governos têm dado a si mesmos, com apoio da burguesia, dos meios de comunicação e setores da classe média. Em diversas cidades e Estados, a liberdade de circulação está extinta, os cidadãos tem seus celulares monitorados pelos órgãos governamentais, os espaços públicos estão fechados e a polícia recebeu poderes absolutos para abordar e prender os cidadãos, inclusive chegou a entrar em casas sem mandado judicial.
Os direitos democráticos visam proteger os cidadãos da ação arbitrária do Estado, que é uma máquina poderosa de opressão. Sob nenhum pretexto deve-se permitir a cassação destes direitos. A extrema-direita fascista, que controla o Estado, se aproveita da situação para implementar uma ditadura. A repressão estatal não pára, pelo contrário, se fortalece nas crises.
As organizações populares, operárias e os partidos de esquerda não devem aceitar a cassação dos direitos democráticos do povo, sob nenhum pretexto. Se a extrema-direita avançar, o povo terá de amargar uma repressiva ditadura militar.