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Genocídio Indígena

Indigenas denunciam que mortes estão sendo colocadas como “pardos”

Classificando os mortos como pardos e não indígenas, o estado tentar desviar a atenção do massacre dos povos ancestrais

Após nove mortes de integrantes do povo Kokama, em Nota Pública três lideranças Kokama, Glades Kokama Rodrigues, Eladio Kokama Curico e Edney Kokama Samias, pedem auxílio. Na nota denunciam as condições precárias a que seu povo foi deixado que levaram a um aumento no número de casos de 744% nas últimas semanas, apontando a existência de registro diários de mortes na etnia Kokama.

Na declaração eles proclamam haver negligência, descaso e omissão do poder público em todas suas esferas, eles manifestam que “Este maligno invisível chamada “gripezinha” está acabando com a vida de nossos parentes, nosso POVO KOKAMA”. Protestam acerca do tratamento diferenciado da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), com os indígenas que optaram sai das aldeias para viver nas cidades.

Também denunciam a negligência das unidades de saúde e o trato inadequado com os indígenas, havendo uma tentativa do estado de segregação daqueles membros da comunidade que não tiverem Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (RANI). A exemplo do Hospital de Guarnição de Tabatinga (HGuT) unidade na região da tríplice fronteira com Colômbia e Peru, está registrando os indígenas como “pardos” em seus atestados de óbitos.

O que transparece desta política de segregação de membros das comunidade Kokama que vieram a óbito é uma tentativa de ocultar-se o impacto da pandemia nas comunidades indígenas. Classificando os mortos como pardos e não indígenas, o estado tentar desviar a atenção do massacre dos povos ancestrais.

Os indígenas como povo ancestral que já sofreu muito extermínio e espoliação, lutam para manter sua cultura e tem um grande apelo a opinião pública. O impacto devastador da pandemia nessas comunidades, cujo número de infectados triplica a cada cinco dias, declara publicamente a política genocida do estado com esses povos, tendo forte repercussão negativa e por isso há todo esse esforço para se dissimular.

 

CONFIRA A NOTA NA ÍNTEGRA

NOTA PÚBLICA:

 

NÓS, POVO KOKAMA, PEDIMOS SOCORRO, ESTAMOS MORRENDO!

 

São nove óbitos Kokama por Covid-19 nestas últimas semanas. Quem irá se fazer responsável pelas perdas de nossos anciãos e professores?

Nós, povo Kokama, habitantes originários deste extenso território do Alto e Médio Solimões, viemos através desta DENUNCIAR para a mídia nacional e internacional e os órgãos públicos o descaso do poder público frente ao combate do Covid-19 nesta região.

Nas cidades de Tabatinga, Benjamin Constant e Santo Antônio do Içá, estado do Amazonas, Brasil, encontra-se declarada a contaminação comunitária.

O prefeito de Tabatinga e o DSEI  [Distrito Sanitário Especial Alto Indígena] do Alto Solimões comunicaram que a situação está fora de controle. E nós, povo Kokama, estamos registrando óbitos todos os dias. Estamos aflitos e desesperados.

Nós estamos indignados devido à negligência, descaso e omissão do poder público a nível Federal, Estadual e Municipal, apesar deste último já ter feito o possível para conter a propagação do vírus.

Por ser uma região de fronteira com Peru e Colômbia, de grande mobilidade terrestre e fluvial, as ações das autoridades se tornam insuficientes.

O sistema de saúde público encontra-se sobrecarregado e sem os equipamentos necessários para responder à demanda de casos confirmados por este vírus.

Este maligno invisível chamada “gripezinha” está acabando com a vida de nossos parentes, nosso POVO KOKAMA.

Ainda o Estado, através da SESAI insiste em fazer diferença entre o atendimento de parentes que vivem na cidade e os que estão na aldeia.

Deixando o nosso povo ainda mais exposto para o contágio deste vírus.

Estamos sofrendo com a falta de atendimento, despreparo das equipes médicas e falta de estruturas hospitalares, Unidade de Pronto Atendimento – UPA e Unidade de Terapia Intensiva – UTI para receber os pacientes.

Soma-se ao descaso das unidades de saúde o desconhecimento no trato com os povos indígenas, negando a nossa identidade. De fato, o Hospital Militar HGUT de Tabatinga tem insistido em registrar na Declaração de Óbito do nosso parente como “pardo”.

Queremos deixar claro a todos que RANI {Registro Administrativo de Nascimento de Indígena] não faz a gente indígena! E sim, o reconhecimento de nossos líderes e representantes natos KOKAMA.

Nós SOMOS INDÍGENAS ANCESTRAIS! Além das dores do que é perder um parente, os médicos aspirantes precisam estar cientes dos fatos das ocorrências, juntamente com a Assistência Social.

Pois fomos comunicados dos óbitos 24 horas após o falecimento. Sabemos da dificuldade dos profissionais de saúde, ao transferir um paciente faz-se o necessário o intercâmbio da totalidade da vida do estado do paciente, onde ocorreu o descaso com o nosso parente, nossa família, o professor ANCELMO. A UPA não repassou os dados completo do nosso primo para HGUT, e agora a culpa é de quem?

Estamos indignados por essa fatalidade! Não tem mais respeito com NÓS indígenas! Independente de quem for, pois todos são pessoas humanas.

Ressaltamos o apreço da compreensão de todos.

EXIGIMOS QUE FUNAI, SESAI, MPF atuem de forma URGENTE para o fortalecimento das unidades hospitalares nos municípios do Alto e Médio Solimões, onde o vírus está se propagando com rapidez e matando os nossos parentes.

EXIGIMOS que se tomem as medidas necessárias para o isolamento social com mais vigor!

PEDIMOS que as autoridades, SESAI e FUNAI, disponibilizem transporte para deslocar os familiares de nossos parentes falecidos.

EXIGIMOS um mínimo de dignidade aos povos indígenas nessas horas difíceis e de dor.

Apesar de nosso ente querido fazer a travessias para a vida espiritual sem dor, eles continuam a nos apoiar nessa luta!

Lembramos de nossos parentes falecidos por COVID 19:

 

Augustinho Samias – Aldeia Sapotal e falante materno

Idelfonso Tananta de Souza – Aldeia Sapotal

Lindalva de Souza Moura – Manaus

Anselmo Rodrigues Samias – professor da Aldeia Sapotal

Antônio Vela Sammp – Sapotal

Antônio Castilho – Manaus

Alberto Guerra Samias – Aldeia Sapotal

 

Assinamos esta carta os representantes legítimos do povo Kokama:

 

Glades Kokama Rodrigues

Presidenta/ TWRK [Tapɨya Weteratisun Ritama Kukama, Federação Indígena do povo Kokama]

E-mail: glladys12@hotmail.com

 

Eladio Kokama Curico

Presidente / OGCCIPK [Organização Geral dos Caciques das Comunidades do Povo Kokama]

E-mail: eladio.kokama@gmail.com

 

Edney Kokama Samias

Patriarca Tradicional

edney_cunha@hotmail.com

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