O Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) publicou uma mensagem de repúdio contra um atentado sofrido por uma de suas militantes. A casa onde a indígena Sandra Amorim e seus filhos moram foi alvo de disparos com arma de fogo na noite de quinta-feira (29/10).
O atentado foi ouvido pelos vizinhos, que entraram em contato com um dos filhos de Sandra, também militante do MAM. No momento dos disparos, os três estavam em uma reunião partidária (Sandra concorre ao cargo de vereadora pelo PV) em outro distrito de Barcarena/PA.
Os tiros foram direcionados aos cartazes políticos pendurados nas paredes da casa, o que deixa mais explícito o caráter político do ataque. O MAM identifica corretamente que as perseguições e ameaças partem de representantes do “grande capital”.
A mineração é um ramo econômico bastante antigo e devidamente controlado pelos monopólios internacionais. Essa região metropolitana de Belém foi alvo de atuação criminosa da mineradora norueguesa Hydro Alunorte recentemente.
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), a empresa “realizou atividades potencialmente contaminadoras sem licença válida”. O vazamento de rejeitos de mineração impactou diretamente comunidades locais, contaminando as águas em um dos pontos mais populosos da Região Norte.
Segundo relatório do Instituto Evandro Chagas, foram identificados níveis acima do permitido de sódio, nitrato e alumínio, além de grande quantidade de chumbo. Um ótimo exemplo da suposta “civilidade” atribuída aos europeus nórdicos. O governo da Noruega, que detém 34,4% das ações, lavou as mãos declarando que não tem envolvimento na gestão operacional da empresa.
Os efeitos da contaminação por chumbo, por exemplo, são gravíssimos e sem tratamento eficaz. Além disso, a contaminação de gestantes é transmitida aos fetos e diversos estudos apontam que o metal provoca prejuízos cognitivos, motores e comportamentais nos primeiros anos de vida.
Esse episódio se soma a muitos outros que ocorrem frequentemente por todo o país. Como o próprio Movimento pela Soberania Popular na Mineração denuncia em sua nota de repúdio (leia na íntegra aqui):
“Sabemos que este não é um fato isolado, e sim associado a um processo de avanço do conservadorismo e acirramento dos conflitos em territórios minerados no Brasil e em toda a América Latina.
Diante da ameaça e do atentado sofrido pela companheira, o MAM repudia qualquer tentativa de silenciamento do povo que se levanta contra a ordem do capital mineral e seus defensores”.