Nesta quinta-feira (05/03), o indígena Geraldo Vera Guarani Kaiowá, de 55 anos, teve a prisão preventiva decretada acusado de ser o autor do disparo que feriu o pistoleiro (nome antigo para segurança privado) Wagner André Carvalho no último dia 3 de janeiro quando este tentavam invadir uma aldeia indígena numa tentativa de expulsar os indígenas de suas terras sem nenhuma autorização da justiça.
Os pistoleiros atacaram os indígenas, que prontamente deram uma resposta a altura e colocaram essa corja contratada pelos latifundiários para correr. Diante das ameaças dos latifundiários, os indígenas se defenderam para não serem assassinados e não sofrerem violência da pistoleiros e o resultado foi um pistoleiro baleado.
Esses conflitos, que contou com a presença ao lado dos latifundiários da Polícia Federal e também da Polícia Militar, resultou no envio da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) para reprimir os indígenas que estão se levantando contra os latifundiários.
Força Nacional a serviço dos latifundiários
A prisão do indígena Geraldo Vera Guarani Kaiowá está sendo denunciada pelos indígenas como uma motivação política contra os indígenas e ocorreu de maneira totalmente ilegal. Isso porque a prisão de Geraldo se deu sem nenhuma prova e de maneira criminosa. Testemunhas indígenas declaram que Geraldo Vera que foi sequestrado por 5 pistoleiros que invadiram sua casa, na frente de sua esposa e filhos, e o levaram para um container que serve como base da empresa de segurança contratada pelos latifundiários. Lá ele foi ameaçado e espancado durante muito tempo. Até que os policiais da Força Nacional chegaram ao local permanecerem dentro dessa base e após um tempo o levaram para a carceragem da Polícia Federal da cidade de Dourados. E o que mais chama a atenção é que nenhum dos pistoleiros foram presos ou sequer levados a delegacia pelos policiais da Força Nacional.
Geraldo Vera foi “preso” pelos pistoleiros que após torturarem e ameaçarem o indígena, chamaram a Força Nacional para leva-lo a Polícia Federal e ser preso.
Os depoimentos dos indígenas apresentados para o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) mostram a violência dos pistoleiros e que a Força Nacional não fez absolutamente nada para proteger os indígenas.
“Eram cerca de cinco. Uns estavam com a farda e outros não. Eles pegaram o Geraldo e levaram pro contêiner que eles ficam. Geraldo se machucou, levou pancada. Vieram de caminhoneta. Como eu tava com o Geraldo e a mulher dele, mandaram eu virar de costas e correr, isso na ponta do revólver, socaram a arma na minha cara, e deram uma porrada na mulher do Geraldo, que hoje fez exame de corpo de delito”, afirma uma testemunha anônima.
“A dona (mulher do Geraldo) fala que eram cinco homens. Uns estavam com uniformes da empresa de segurança, a farda, outros não. Inclusive tomaram o celular enquanto judiavam dele. É crime bárbaro que tão fazendo. Fiquei assustado, meteram o revólver na minha cara. Corri para chamar os parentes e ligar pras lideranças”, conta.
Indígena está sendo preso por se defender dos pistoleiros
A prisão preventiva de Geraldo Vera é mais um ataque a luta pela terra e aos direitos indígenas. Em primeiro lugar não existe nenhuma prova contra ele, fato ou vídeo que minimamente indique que Geraldo esteve envolvido no pistoleiro baleado. O que deixa a motivação da prisão apenas como perseguição política.
Em segundo lugar, mesmo que Geraldo Vera esteja envolvido nessa ação qual seria o seu crime? Defender a si e sua família da violência dos pistoleiros que invadiram sua aldeia atirando para todos os lados, da tentativa de assassinado de indígenas, ou seja, por se defender.
A direita que domina o parlamento, a justiça e as forças policiais estão prendendo integrantes do movimento indígena sob a acusação, na prática, de defender a si e sua família diante da violência dos latifundiários e seus pistoleiros.
Neste caso, nem os pistoleiros que sequestraram, mantiveram em cárcere privado, torturaram e espancaram Geraldo Vera e depois chamaram a Força Nacional de Segurança para levá-lo a prisão sofreram algum tipo de punição da Polícia. Fato que mostra a quem está servindo as forças policiais.
Este fato ocorre em uma semana turbulenta na luta por moradia e terra. Assassinato de uma liderança do MTST pela PM em Minas Gerais, 300 famílias despejadas em Goiás, invasões das terras indígenas.
É preciso pedir a saída imediata da Força Nacional de Segurança do Mato Grosso do Sul e organizar comitês de autodefesa dos povos indígenas contra a violência dos latifundiários. Essa situação só é possível por causa de Bolsonaro e suas medidas e é preciso organizar um amplo movimento e para derrubar Bolsonaro e toda a corja golpista do poder.
