Com a bolsa de Nova Iorque operando em acentuada queda e a crise nos mercados financeiros se desenvolvendo no sentido de uma grande piora, muitos indícios apontam para o fato de que a crise atual já está pior do que a de 2008. Alguns números importantes surgem para corroborar a tese de analistas de mercado e economistas como o iraniano Nouriel Roubini.
A chamada “crise dos subprimes” começa ainda em 2007 e se desenvolve como uma sequência de quedas no mercado imobiliário que ocorrerão até fevereiro de 2009, quando as bolsas começam a de fato melhorar. No acumulado dessa etapa, o índice Dow Jones caiu de 13.940 pontos em outubro de 2007 para 7043 pontos em fevereiro de 2009, retração de -49%. Importante destacar que aqui, estamos falando de um período de 16 meses. Nos três primeiros meses de explosão da crise, de outubro a janeiro de 2008, a queda foi de 1.344 pontos, o que implica numa retração de -9,64%. Já na crise que se desenvolve agora, tomando como base o primeiro mês de queda apenas, o Dow Jones registra -28,57%. Estes dados já dão um forte indicativo de que a crise atual está muito mais próxima da crise de 1929, quando o Dow Jones registrou, entre setembro a novembro, queda de -33,84%.
Outro ponto importante, é a conjuntura em que se dá a crise. Se na crise de 2008 o mercado de capitais conseguiu se reerguer após a bondade como a do governo dos Estados Unidos, que deu US$850 bilhões para salvar os capitalistas americanos da falência, exemplo que foi seguido pelos países imperialistas de conjunto, numa transferências de renda trilionária. Se na época a operação conseguiu estancar a sangria, na atual etapa da crise, a intervenção de US$1,5 trilhão feita pelo governo americano na semana passada se revelou incapaz de impedir uma queda considerada pela imprensa capitalista como a pior desde a crise de 1987. Dias depois, a bolsa de Nova Iorque viu suas empresas perderem mais de 2 trilhões de dólares, demonstrando a ineficácia das medidas fiscais.
Não se trata apenas de “injeções de liquidez”. A crise de 2008, longe de ser superada, vinha sendo empurrada através da expropriação das nações atrasadas, sob as bases de uma sensível deterioração da economia global. Um relatório do FMI expedido em meados de 2018 apontou que desde a crise de dez antes, a dívida global, há tempos maior do que o PIB, cresceu mais de 60%. A insolvência do sistema econômico já estava na raiz da crise de 2008, quando as dívidas entre os americanos se revelaram muito superiores a capacidade de quitá-las. Considerando que o PIB global saiu de US$63,48 trilhões para US$84,83, crescimento de 33,63% (nominal), a dispariedade entre o PIB e o endividamento é esclarecedora do tamanho da crise atual, que já tem uma largada quase 3 vezes mais profunda.