Em ação assinada por 53 deputados, a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) da Câmara dos Deputados pediu a apuração e a aplicação de sanções ao ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, por causa de seus ataques ilícitos contra o Congresso Nacional. Segundo a solicitação, Heleno, que também é general da reserva, poderia chegar a perder seu cargo.
A representação foi feita junto ao procurador-geral da República, o golpista Antônio Augusto Brandão de Aras, e se baseia nas declarações do ministro bolsonarista em defesa de uma mobilização contra o Congresso e na ameaça contra os parlamentares da oposição:
“Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se”.
O pedido de afastamento de Augusto Heleno de suas funções de ministro, embora possa parecer razoável, diante das constantes ameaças que dispara contra a população, revela, contudo, uma política profundamente equivocada por parte dos deputados do Partido dos Trabalhadores. Se considerado que o PT não tem feito nenhuma campanha, nem tenha tomado nenhuma iniciativa sequer parlamentar para exigir a derrubada do fascista Jair Bolsonaro, fica claro que a representação contra Augusto Heleno não passa de uma iniciativa dispersa e, portanto, inócua.
Por mais repugnante e ameaçador que seja Augusto Heleno, o ministro é apenas uma peça do governo Bolsonaro, o maior inimigo dos trabalhadores no momento. Bolsonaro se tornou presidente após uma gigantesca e descarada fraude eleitoral, uma vez que ficou claro para a burguesia que a única maneira de garantir que a política neoliberal fosse levada adiante seria por meio de um governo de extrema-direita, capaz de se impor por meio da força.
O governo Bolsonaro é um governo montado para atacar os trabalhadores de todas as maneiras. Desde o Ministério da Educação, em que está sendo organizada uma duríssima perseguição aos estudantes e professores, passando pelo Ministério da Cultura, que está sabotando a cultura nacional, até o Ministério da Economia, que está promovendo a liquidação do país, a lei uma só: passar por cima dos trabalhadores em favor dos capitalistas.
Desse modo, a única política séria que se coloca para a esquerda e para os setores democráticos é a derrubada imediata do governo Bolsonaro, isto é, o “Fora Bolsonaro”. Qualquer política diferente dessa acaba sendo uma política de colaboração com o bolsonarismo, uma política que mantém o regime político com as mesmas características fascistas e impede o desenvolvimento da luta dos trabalhadores.
A política de pedir apenas a saída do general Heleno — sem qualquer relação com uma campanha pela derruabda do governo — é, no fim das contas, uma política puramente demagógica — e, portanto, uma política eleitoral. Tal política, no entanto, acaba sendo um desastre para a esquerda, que, ao manter a extrema-direita no poder, põe as próprias eleições de 2022 em xeque.
Os trabalhadores devem, portanto, rejeitar essa política e organizar um movimento pela derrubada imediata do governo Bolsonaro. Um movimento independente da burguesia, uma frente de luta de todos os explorados, e que coloque, na ordem do dia, a dissolução de todo o regime político golpista.