Imagine se no 4 de julho, data comemorativa da independência dos EUA, um dos quatro únicos feriados nacionais do País e dotado de tal simbolismo e importância que já foi até título de filme de Hollywood contra invasão de extraterrestres, Donald Trump iria elencar como prioridade em sua mensagem do dia ao seu povo uma menção ao Brasil? Por exemplo, de que na comemoração dos 100 anos da independência, no dia 4 de julho de 1876, em uma exposição comemorativa a esse centenário na cidade de Filadélfia, no estado da Pennsylvania, foi vendido o primeiro telefone no mundo, das mãos do próprio inventor do aparelho, Graham Bell, ao brasileiro Pedro II, imperador do Brasil.
Claro que isso não aconteceu, nem nunca irá acontecer. Nenhum país do mundo com um chefe de Estado ou de governo decente vai se dirigir ao seu povo, na data nacional, puxando saco de outro.
Mas eis que, atualmente, na indecência que se tornou o Brasil, o presidente ilegítimo brindou a nação com o seguinte Tweet logo pela manhã do 7 de setembro:
“– ESTADOS UNIDOS FOI O PRIMEIRO PAÍS A RECONHECER NOSSA INDEPENDÊNCIA.- EM TODO O BRASIL, COM O POVO, HOJE COMEMORAMOS ESSA DATA.- EM BRASÍLIA, ÀS 09H, COM MUITA HONRA ASSISTIREI AO DESFILE CÍVICO-MILITAR. POSTED BY JAIR MESSIAS BOLSONARO ON SATURDAY, SEPTEMBER 7, 2019″
As primeiras duas palavras que Bolsonaro escreveu (ou alguém escreveu por ele, como o primeiro vereador nacional, aquele que ganhou um passeio de Rolls Royce no feriado) como chefe de estado em saudação à nação, no dia comemorativo à independência do Brasil, foram “Estados Unidos”.
Talvez tenham também sido as duas últimas palavras que ele pensou na noite anterior, antes de dormir, em suas orações, ou quando come, quando bebe, quando defeca dia sim dia não, quando respira.
É um assombro, como se ainda fosse possível esperar alguma atitude digna dele no cargo, essa homenagem dioturna aos EUA, até no 7 de setembro. O nacionalismo verde-amarelo de araque da direita e de Bolsonaro dá nojo. No palanque, assistindo ao desfile do Dia da Pátria ao lado do apátrida, Edir Macedo e Senor Abravanel, emprestavam mais artificialismo à pobre data.