O avanço do golpe inclui o aumento da repressão às organizações populares. Dentre elas se incluem as torcidas organizadas. Sendo uma concentração popular, se torna um espaço político que potencialmente ameaça o domínio burguês.
Sob o pretexto de “segurança,” a burguesia está sempre recorrendo a expediantes para aumentar sua capacidade punitiva. E estes falsos pretextos invadem os campos de futebol. Como se não bastassem os horários dos jogos – cada vez mais tarde – e os preços dos ingressos – cada vez mais caros – aumentam as restrições à mobilidade e ao comércio em torno dos estádios.
Em Santos, um acordo entre Prefeitura, Guarda Civil, Federação Paulista de Futebol, Santos Futebol Clube, Companhia de Tráfego e associações de moradores determinou o fechamento do 8 acessos ao estádio, e autorizaram o uso de guincho para retirar os veículos que estiverem nas proximidades.
Se passou também a proibir comércio de ambulantes dentro da área cercada e, ainda mais absurdo, dentro dos estacionamentos privados. Além de quebrar o clima familiar e popular da concentração ao redor do estádio, a decisão tira fonte de renda de pequenos comerciantes. Tudo para dissipar a população de se reunir no espaço público, antes e depois do jogo.
Conforme as próprias torcidas organizadas denunciam, este é apenas o primeiro passo para proibir até mesmo a festa das torcidas durante a chegada dos jogadores. Ao contrário dos “especialistas” que se reúnem a portas fechadas ou falam nos grandes meios de comunicação, e são apenas funcionários da cartolagem, os torcedores percebem que há um movimento de crescente repressão contra o futebol. Denunciam uma polícia cada vez mais truculenta, que faz uso crescente de sprays de pimenta, cacetetes, viaturas e cavalaria para dissipar a aglomeração, confisca e destroi barracas de ambulantes, e se torna o principal e verdadeiro fator de insegurança do futebol.