Desde a virada do ano, quando o Bragantino revelou seu novo escudo, nada mais do que uma logomarca da empresa Red Bull com o detalhe de estar escrito Bragantino, as críticas de torcedores e simpatizantes do clube têm se avolumado nas redes sociais. Para muitos as tradições do clube foram totalmente desrespeitadas, além disso, o próprio público assimila essa mudança como um sintoma da modernização do futebol, que traz consigo ingressos mais caros e “arenas” padronizadas.
Por vezes, a imprensa reacionária busca encontrar contra-argumentos baseados em números ilusórios para suavizar esse problema. Uma das justificativas é a de que o público do clube triplicou desde a submissão do clube à empresa. Ou seja, por onde andavam esses torcedores nos tempos de vacas magras do clube? Não seria apenas um momento de curtição temporária com o clube e que em breve será esquecido por muitos deles?
O próprio acesso à série A, algo usado como argumento para relativizar as mudanças, é colocado como uma novidade. Mas afinal, o Bragantino na década de 1990, mesmo com muito menos recursos e projeção chegou a ser campeão paulista e vice campeão brasileiro – ou seja, na prática não fizeram algo inédito na história do futebol. Aliás, clubes do interior paulista surpreendendo os grandes é algo corriqueiro.
Outra argumentação muito comum da imprensa burguesa para romantizar o clube-empresa seria o fato de os jogadores terem elogiado que a organização do Red Bull Bragantino desde a adesão ao modelo de gestão. Uma estrutura que porém pode se desmanchar no mesmo momento em que os empresários decidirem não investir mais – basta lembrarmos do extinto Grêmio Barueri na década de 2000.
O caso do Bragantino é um dos muitos possíveis casos de descaracterização dos clubes diante da sua torcida. Os capitalistas, como é de se esperar, visam apenas ao lucro fácil, um clube de relativa projeção nacional, no fim ficam apenas os torcedores invariavelmente. A imprensa capitalista tem buscado a todo custo apresentar contra argumentos, evidenciando seu papel e interesses.