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Burguesia em crise

Imprensa escancara que agora seu inimigo é Lula, não Bolsonaro

A grande imprensa burguesa, que elegeu Bolsonaro, não aceita Lula e vai novamente apoiar o fascista ou quem for necessário para derrotar Lula

Apesar dos fatos cada vez mais escancarados da perseguição política contra o ex-presidente, os jornais Estadão e O Globo continuam acusando e julgando Lula, sentenciando-o como criminoso.

Em meio a crise de falta de vacinas e com a imunização andando a passos de tartaruga nos estados. A decisão do ministro Fachin – ao anular as decisões do ex-juiz Sergio Moro na 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba e enviar os processos para a Justiça Federal em Brasília – mexeu com o tabuleiro eleitoral de 2022. Isto forçou todos os setores a reverem suas táticas e alianças.

É o caso das empresas que compõe o monopólio da imprensa burguesa, como Globo e Estadão por exemplo. Ambas estão se mostrando malabaristas nervosos. Obrigados a divulgar os fatos mais explosivos e com pouca margem de manobra para construir interpretações fantasiosas, fazem de tudo para demonstrar que a decisão do STF foi técnica, temporária e que não afeta o mérito dos processos, já que consideram Lula culpado de tudo.

De certa forma é justificável o comportamento da grande imprensa burguesa, já que atuou em todo o processo como agente consciente dos fatos que distorcia e que tinham como objetivo destruir o PT, derrubar Dilma Rousseff e retirar Lula das eleições.

Foi assim que se associaram ao projeto que envolveu:

1) Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América (DoJ – EUA), as agências de inteligência e de segurança estadunidenses, CIA e FBI;

2) Judiciário brasileiro, desde parte do Supremo Tribunal Federal (STF) até a Justiça Federal do Paraná, passando pelo engodo que foi o voto combinado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região;

3) Ministério Público Federal, em seus vários níveis e aglutinando um conjunto muito grande de procuradores federais;

4) Vários partidos e os presidentes do Senado e da Câmara, a partir da iniciativa das direções do PSDB, DEM e MDB;

5) Militares do Alto Comando do Exército, a partir da iniciativa dos generais Eduardo Villas-Bôas, Sérgio Etchegoyen, Fernando Azevedo, Walter Braga Netto entre outros;

O voto do ministro Gilmar Mendes, na 2ª Turma do STF em 9/3/21, no processo que está em curso sobre a suspeição do ex-ministro Sergio Moro, terá grande repercussão nacional e internacional, mas não deixará sequer envergonhados os procuradores e os juízes federais. O ministro Gilmar Mendes leu as mensagens trocadas e expôs o modus operandi da quadrilha de procuradores, policiais e juízes federais e as qualificou como atitudes notórias de regimes políticos autoritários. Assim como mostrou e demonstrou que essas ações ilegais só tinham efetividade com a participação consciente da imprensa burguesa. Demonstrou e comprovou que dia a dia a quadrilha judiciária federal arquitetava suas ações para que estivessem sendo expostas pelo Jornal Nacional da TV Globo.

Os governos Lula e Dilma foram fustigados pelo menos desde 2004, quando das acusações do mensalão. A força-tarefa da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro foram parte da última etapa do processo, já a partir de 2014. Em outros momentos houve outros protagonistas, seus acertos e erros foram ajudando a construir a caminhada que tinha por objetivo aniquilar a esquerda, retirar o Brasil da trajetória de aliança com os BRICS e de conquista de espaços qualificados no capitalismo mundial, pelo menos nas áreas de grandes projetos de infra-estrutura, indústria aero-espacial, indústria petroquímica. Nesse período os EUA lançaram mão de escutas telefônicas e invasão de sistemas computacionais, fortes ações de mercado na manipulação de preços e de criação de barreiras para as empresas brasileiras. Provavelmente a ação mais barata que executaram foi a cooptação dos membros do Judiciário, do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal. Não fosse assim, o golpe de 2016 não teria sido possível. Só ingênuos e crentes fundamentalistas acreditam que as tais “pedaladas” teriam sido suficientes para derrubar a presidenta.

O jornal Estado de S.Paulo (Estadão) se envolveu até a medula nesse processo e ultimamente vinha se concentrando nas críticas a Bolsonaro, no intuito de colocar o governo na linha da sua política. Porém, após Lula recuperar seus direitos, tem feito de tudo para justificar sua opção por Bolsonaro e seu governo, passando a duras críticas petista. Nada muito diferente de toda a sua trajetória histórica ao lado dos setores mais conservadores da burguesia e na ditadura militar. Para defender sua postura e, ao mesmo tempo, reconhecer como fato a decisão do ministro Fachin e o julgamento da 2ª Turma do STF, que está expondo o conluio criminoso ente juiz e procuradores na Lava Jato. Para o Estadão, a decisão de Fachin foi um prêmio, um presente ou um mimo dado à defesa de Lula, “finalmente foi premiada com uma decisão judicial que, na prática, livra o demiurgo de Garanhuns de prestar contas à Justiça e, ademais, lhe restitui os direitos políticos”. (Estadão, Editorial de 10/3/21)

Para esse jornal, a decisão de Fachin não mexe nem altera o mérito dos processos. Só reconhece que houve um equívoco de jurisdição. O esforço do Estadão é sentenciar Lula como culpado, como criminoso, como chefe de tudo de errado que se supõe ter existido em seu governo. Não interessa se os crimes foram inventados, se o apartamento triplex do Guarujá jamais pertenceu ao Lula e sua esposa Marisa. Para o Estadão interessa condenar, afastar, liquidar Lula, tamanho o ódio de classe que destila contra o ex-presidente.

Já O Globo, também em editorial de 10/3/21, esquece que divulgava em primeira mão as escutas ilegais e as delações inventadas – obtidas sob tortura ou ameaças criminosas. O jornal firma que o ministro Gilmar Mendes usou o vazamento das conversas entre procuradores e o juiz Moro para expor, descrever e reconhecer o absurdo conluio que comprova a parcialidade de Moro no julgamento de Lula.

Também esquece de dizer que o STF já julgou a transcrição dessas conversas como legais e que elas eram feitas por telefones de serviço, pertencentes do Estado. Para a empresa Globo, a condenação de Lula foi feita com base em “provas robustas” e em delações do presidente da Odebrecht e de diretor da OAS. Mesmo assim, William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, estava nitidamente constrangido ao noticiar o voto do ministro Gilmar Mendes, que mostrou a parcialidade do ex-juiz e companheiro de governo de Bolsonaro – em todo o processo que levou à condenação de Lula.

Para a imprensa burguesa Lula continua sendo seu principal inimigo. Temem-no como o único capaz de derrotar Bolsonaro e qualquer outro candidato que inventem até 2022. Temem que ele se candidate e mobilize os trabalhadores por todo o país. “Com o futuro ainda incerto, Lula não admite com todas as letras a candidatura, mas seu discurso é de candidato.” (Estadão, 10/3/21) Morrem de medo de que Lula não aceite uma frente ampla com a direita ou mesmo que o PT não aceite uma chapa café-com-leite com algum integrante da ala direita do partido e um vice como Boulos (PSOL), que é aplaudido pelos grandes jornais burgueses.

Para mostrar que não quer briga com o Judiciário, Lula tem afirmado que não vai cobrar indenização pela prisão ilegal e pelas outras consequências pessoais que se abateram sobre ele:

“Vou falar muito mais do momento que vivemos. Estou mais preocupado com o Brasil do que comigo. Quero falar deste morticínio, da falta de vacinas, por absoluta imprevidência, e da nossa vergonhosa condição de ameaça à humanidade, porque falta empenho e competência do governo no combate à pandemia. Quero falar do atraso no auxílio emergencial por conta da crueldade deste governo. Dos 14 milhões de desempregados e da volta da fome, quando houve o tempo em que todos faziam três refeições e podiam comer picanha. Carne hoje é para poucos. E deste tombo da economia nacional, que passou da sexta maior do mundo, em meu governo, para a 12ª posição”, disse ele para a jornalista Tereza Cruvinel, pouco tempo depois do anúncio da decisão do ministro Fachin (Brasil 247, 9/3/21).

Independente da retomada da campanha da grande imprensa burguesa contra Lula e o PT, o jogo ainda não terminou, nem no Judiciário, nem na política. O STF expressa a crise social e política que afeta a burguesia, é parte indissociável do jogo político e ainda tem cartadas a dar. Não vai fazê-lo sozinho e nem somente a partir de questões jurídicas. Vai sofrer pressão dos comandantes militares, do Congresso Nacional e, principalmente dos capitalistas.

Essa guinada muito clara da burguesia, que até então estava se concentrando em críticas a Bolsonaro e agora passou a atacar Lula, é uma prova do porque a candidatura do ex-presidente é uma condição da luta contra o golpe de Estado, ou seja, da luta contra a burguesia.

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