Houve um grande destaque na imprensa burguesa sobre o que seriam os “avanços na educação” advindos das ações emergenciais dos governos estaduais nas redes de ensino públicas e privadas de ensino, em respostas às condições impostas pelo isolamento social.
É preciso ter claro que a produção de conteúdo online e a criação de canais educativos não são novidades. Há veiculação destes instrumentos a algumas décadas, alguns tendo sido desativados ou descontinuados em razão de cortes de custos.
O desenvolvimento de novas tecnologias na área da educação, como em qualquer outra da atuação humana, acarreta um aumento dos instrumentos disponíveis ao educador, mas não implica diretamente se o uso dado a esse instrumento será construtivo para toda a sociedade. Entretanto são a formação do profissional de educação e as condições de vidas dos educandos as peças chaves para o processo de formação dos estudantes. No Brasil temos uma série histórica de ataques à educação, com permanente sucateamento da sua infraestrutura e até o desmonte da estrutura de cátedra durante a ditadura militar.
Neste cenário a Educação a Distância (EaD), traz como principais beneficiários os capitalistas da educação, que através desta, conseguem reduções absurdas nos custos operacionais e possibilidade de superexploração dos educadores, em total detrimento do processo educacional. Em resumo, a burguesia, que luta para transformar a educação em mercadoria e cria uma verdadeira indústria da educação, apropriou-se de um recurso educativo, que seria a educação a distância e em detrimento do processo educativo usa esse apenas visando o aumento dos seus lucros.
O que a imprensa venal burguesa tenta fazer com toda essa campanha em torno dos “avanços” na educação, decorrentes do distanciamento social, é a todo custo impor a EaD. Pode-se ter certeza que a campanha continuará mesmo após fim do distanciamento social, visando apenas criar meios para aumentar os lucros dos capitalistas do ramo educacional.
Novamente aqueles a arcar com o maior ônus serão os mais desafortunados, são as crianças, filhos da classe trabalhadora, que tem maiores barreiras ao acesso a internet e tecnologias, que serão os mais prejudicados. Bem como os pais trabalhadores, principalmente as mães, que sem ajuda externa terão sobre seus ombros a carga da guarda das crianças que, em tempos normais, estariam na escola.
Educação universal é um direito dos indivíduos, não deve ser tratada como mercado a ser explorado, sendo dever do Estado a sua disponibilidade a todos os cidadãos.