O novo primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis (Nova Democracia), tem sido apresentado como um novo salvador do neoliberalismo europeu. A imprensa brasileira, que é porta-voz do imperialismo no Brasil, apresenta que “sua ascensão ao cargo é uma evidência de sua tenacidade e das mudanças radicais que o sistema político do país viveu numa década de penúria financeira e reacomodação de alianças” (Estadão, julho de 2019).
Além disso, afirma que “é também uma ressurreição impressionante de um partido do status quo, num momento em que a centro-direita europeia tem tido dificuldades para formar coalizões e vencer eleições”. E dizendo que ele “terá a missão de convencer uma grande parcela da população grega de que ele está à altura de liderar uma nação cansada de dificuldades para tempos melhores”.
O primeiro-ministro, que foi elogiado pela presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, é portanto um novo super-homem da Europa, uma espécie de Emmanuel Macron dos países subdesenvolvidos do continente.
Sua eleição foi resultante tanto das manobras da burguesia, que faz questão em dizer que “sua vitória foi incontestável”, como também da política de capitulação e subserviência ao imperialismo da esquerda grega, que através do Syriza continuou a política de ataques aos trabalhadores realizada anteriormente pelo partido de Mitsotakis, a Nova Democracia.
O novo governante da Grécia representa tudo o que há de reacionário e velho do regime político grego. Quando Ministro da Reforma, em 2012-2014, demitiu 15 mil funcionários públicos – realizando o sonho de Bolsonaro no Brasil. Seu objetivo, no poder, como ele mesmo afirma, é levar adiante as reformas neoliberais que o imperialismo está financiando no mundo todo.
Entretanto, mesmo assim, a imprensa procura apresentá-lo como um fator novo. Ele que é membro de uma dinastia de políticos gregos, seu pai, Konstatinos Mitsotakis, tendo sido primeiro-ministro do país no auge do neoliberalismo (1990-1993).
A imprensa afirma que “Mitsotakis enfrentou uma forte oposição interna até se tornar líder do Nova Democracia, há três anos e meio. Entre suas posições, está a defesa da iniciativa privada, de direitos LGBT e uma atitude em favor da imigração. Ele superou a velha guarda do partido, com posições antigay, pró-religião e mais favorável a uma política intervencionista sobre liberdades individuais”.
Isto é, além de salvador do neoliberalismo e da Europa, Mitsotakis seria também um homem moderno, defensor dos oprimidos. Algo totalmente contraditório com a política selvagem que procura implementar, que destrói tudo o que vê pela frente e retira todos os direitos da população. A demagogia e o cinismo, nesse sentido, é imenso, mas tem um objetivo claro.
A Nova Democracia é um partido tradicional do regime grego. Um partido extremamente conservador que criou vários quadros da extrema-direita nazista do país. Fundamentalistas religiosos, admiradores de Hitler, racistas e anticomunistas não faltam. Mas Mitsotakis seria uma maçã boa dentro de um cesto podre… acredite quem quiser.
O objetivo desta campanha é esconder a realidade. O novo premiê da Grécia não tem nada de novo. É um neoliberal reacionário assim como o resto da direita europeia. Sua apresentação enquanto homem moderno não passa de um disfarce para encobrir a política de atrocidades que quer levar adiante.
