Essa semana foi aprovado o Impeachment de Donald Trump Jr., Presidente dos Estados Unidos. Faltando menos de uma semana para a posse do candidato Democrata, na próxima quarta-feira (20), o projeto foi aprovado na Câmara e agora segue ao Senado. Para afastá-lo, os democratas devem conseguir a maioria de dois terços, tornando-o então inelegível para qualquer cargo público.
A tentativa de impeachment no ano passado fracassou na câmara alta tendo os republicados, maioria entre os senadores, votado em bloco em defesa de Trump, com apenas o voto do ex-presidenciável, Mitt Romney. Desta vez o bloco encontra-se rachado e a pressão contra o atual presidente é ainda maior.
A única coisa que pode atrasar o impeachment é a consideração que o processo possa ofuscar as primeiras semanas do governo Biden, onde uma enorme propaganda será necessária para tornar o já intragável governo, tragável.
Romney é um caso emblemático dentre os republicanos, assim como Bush filho, ex-presidente dos Estados Unidos por dois mandatos, Mitt Romney representa a ala mais forte do imperialismo norte-americano dentre os republicanos. Romney concorreu a presidência em 2012 contra o então presidente Barack Obama que foi para o seu segundo mandato. Romney e o candidato do Partido Republicano de 2008, John McCain, marcaram a falência do partido, que logo após a reeleição de Obama começou a ser dominada pela ala extrema-direita, representante do baixo clero da burguesia estadunidense. A ala de Romney, McCain e Bush é mais ligada a Obama, Biden (vice presidente nos dois mandatos de Obama) e Hilary Clinton do que a Donald Trump. Essas figuras representam o setor mais forte do imperialismo norte-americano, os falcões da guerra que agora retornam ao poder.
Por outro lado, Donald Trump representa uma parcela muito mais frágil da burguesia imperialista. Trump foi atacado desde o seu primeiro dia de mandato. É certo dizer que nenhum outro presidente da história recente dos Estados Unidos foi tão atacado pela imprensa como Trump, justamente pelo fato dele representar uma ala mais fraca e ser um fator desestabilizante do regime. O magnata do ramo imobiliário representa uma parte expressiva da extrema-direita, mas também consegue apoio da população em crise com o regime imperialista, embora possa parecer contraditório, isso explica o apoio que teve de imigrantes e operários na parte mais atrasada dos Estados Unidos. Embora a imprensa o ataque ferozmente, Trump não é o autor dos piores crimes cometidos pelos Estados Unidos, mas seus concorrentes são responsáveis pelas guerras do golfo, Iraque, Afeganistão, síria e muitas outras. Obama, Bush, Hilary foram os mais ferrenhos implementadores da política bélica dos EUA assim como dos projetos neoliberais que colocou milhões de pessoas na pobreza, isso dentro e fora dos EUA. Como a política é uma farsa escancarada até para olhos mais leigos, e a política norte-americana dificulta muito o surgimento de uma alternativa de esquerda, Trump aparece como uma solução para os desesperados.
Fica claro que o imperialismo de conjunto quer a cabeça de Donald Trump. Em um momento delicado para o capitalismo, onde qualquer faísca pode incendiar a política, ter um presidente com o alcance e a influência que Trump tem é algo muito inquietante, ainda mais no coração do imperialismo, os EUA.
Recentemente a principal voz do imperialismo alemão, o Deutsche Welle (DW) publicou dois artigos de opinião, o primeiro de Manuela Kasper-Claridge, editora-chefe da DW, e o segundo de Ines Pohl, ex-editora-chefe e atual correspondente do veículo em Washington.
O artigo de Manuela Kasper-Claridge é uma defesa envergonhada da censura de Trump. De maneira tortuosa ela diz defender a liberdade de expressão e compara Trump a um Golias das redes sociais que precisava ser derrubado e censurado. Porém ela não deixa de assinalar que se Trump é um Golias como seus 88 milhões de seguidores no Twitter, seus algozes são empresas multinacionais, que fazem Trump parecer menos que um David, uma formiga.
Sua defesa da liberdade de expressão é ridícula, ao ponto dela louvar a lei ditatorial alemã aprovada no 1º de janeiro de 2018, a “Lei de Execução da Rede” (Netzwerkdurchsetzungsgesetz), que obriga as redes sociais no país a “combater agitação e notícias falsas”, basicamente dando ao governo e às redes sociais o poder da polícia política da internet. “Notícias falsas e agitação” pode ser resumido a tudo aquilo que vai de encontro ao que quer o imperialismo. Tudo isso, claro, em nome do combate ao fascismo. Trata-se na verdade de uma herança da Gestapo.
O segundo artigo vem com um depoimento in locus do que aconteceu no dia da invasão do Capitólio, e segundo Ines Pohl, Trump é plenamente responsável pelo acontecimento, foi um agitador e deve ser punido por tal. O artigo é uma defesa emocional do impeachment de Trump.
Junto com a imprensa, os bancos também estão atacando e boicotando o presidente. O banco alemão Deutsche Bank, assim como outros bancos europeus, rompeu os vínculos com Trump. Tem-se então as instituições mais importantes do imperialismo, os bancos e a imprensa, encabeçados pela maior potência europeia, contra Trump, faltaria apenas enviarem os exércitos para atacá-lo pessoalmente.