Com a admissão, pelo governo do Irã, da derrubada do Boeing ucraniano por engano, os EUA logo viram uma oportunidade para usar o fato em favor de seus interesses. Visando intensificar a crise social no país do Oriente Médio, os norte-americanos apoiados pela mídia vêm incentivando protestos da população iraniana contra o regime do líder supremo Ali Khamenei.
Para se entender a disputa entre Irã e EUA é necessário considerar a situação de terror a que os iranianos estão submetidos, especialmente, após o atentado do imperialismo contra o maior líder militar do país, o general Qasem Soleimani. A pressão que os EUA vêm exercendo sobre o Irã, realizando constantes manobras militares em seu espaço aéreo faz com que as forças de defesa estejam em constante alerta para o risco de novos bombardeios. Com isso, é compreensível o engano cometido pela Guarda Revolucionária no incidente que resultou na morte de 176 pessoas, não sendo um exagero responsabilizar o imperialismo pela derrubada do avião ucraniano.
Diante disso, em meio às manifestações contra o governo iraniano em Teerã, o presidente Donald Trump manifestou apoio ao povo e ainda condenou a suposta repressão do governo contra a população, através do Twitter. Em persa, escreveu: “O governo do Irã deve admitir que grupos de direitos humanos monitorem e relatem fatos in loco sobre os protestos que o povo iraniano está realizando. Não pode haver outro massacre de manifestantes pacíficos nem a internet ser derrubada. O mundo está assistindo.”
A declaração de Trump deixa claro sua hipocrisia ao se dirigir aos iranianos na sua língua nativa. Nem o presidente norte-americano, nem o imperialismo de uma maneira geral se importam com o povo do Irã ou de qualquer país atrasado. Basta lembrar da declaração recente do fascista que ameaçou bombardear pelo menos 52 localidades no país do Oriente Médio, incluindo pontos de importância histórica e cultural da antiga civilização persa.
Além disso, os recentes acontecimentos demonstram que o recuo do imperialismo nas atividades militares no Irã não significou que estivesse abrindo mão da disputa na região que se aprofundou com o assassinato do general Soleimani. Tratava-se apenas de uma mudança de estratégia dos EUA.
Outro fato envolvendo a crise no Oriente Médio e que foi denunciado pelo ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, foi a prisão do embaixador do Reino Unido no Irã, Rob Macaire. Ele foi detido por algumas horas pelas autoridades iranianas enquanto participava dos protestos impulsionados pelo imperialismo em Teerã, no dia 11 de janeiro. A acusação é de conspiração contra o governo, já que Macaire estava ajudando a promover os protestos, o que é uma ingerência ilegal nos assuntos iranianos.
Apesar dos protestos pró-imperialistas no Irã, vem crescendo a insatisfação com a presença norte-americana e de seus aliados na região. Nações como Iêmen, Iraque, Síria, Palestina e no próprio Irã tiveram manifestações anti-imperialistas. A crise tem colocado em risco a dominação do imperialismo no Oriente Médio que é o plano de fundo dos acontecimentos.