Na última segunda-feira (12), o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou que o governo dos Estados Unidos está interferindo nas eleições presidenciais do país, que estão marcadas para o próximo domingo (18). Segundo Morales, o Departamento de Estado do país está obrigando candidatos a se retirarem da corrida, uma clara tentativa de direcionar os votos da direita para Carlos Mesa, em segundo nas pesquisas.
A denúncia do ex-presidente golpeado pelo imperialismo vem após a retirada da candidatura dos candidatos dos partidos Ação Democrática Nacionalista (ADN) e Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR). Ademais, o ex-chanceler Diego Pary apontou o fato de que Arturo Murillo, ministro de Governo da administração da golpista Áñez, se reuniu tanto com representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) quanto com o Departamento de Estado dos EUA, prova escancarada de que existe “mais um plano” por trás das eleições, como coloca Pary.
Alguns anos atrás, a Bolívia se tornou um dos principais exemplos de o que a intervenção imperialista norte-americana faz com um país atrasado e com seu povo. Desde o golpe de 2019 e o estabelecimento do governo direitista de Jeanine Áñez, a economia boliviana tem sofrido duros ataques por meio da privatização e da destruição dos serviços públicos. Prova disso é a devastação que o coronavírus fez no país, resultando, até o momento da redação desta matéria, na morte de mais de 8.000 pessoas. Ademais, utilizando como pretexto a questão da pandemia, os golpistas latinos procuram adiar as eleições gerais deste ano, manobrando um aprofundamento do processo do golpe no país.
A retirada de candidatos pela unificação em torno do principal candidato da direita no país vai no mesmo sentido. Ainda mais, é uma prova de como o aparato estatal, inclusive o responsável pelas eleições, está completamente subordinado aos interesses do imperialismo. Afinal, ao invés de iniciar uma ampla campanha pela eleição de Carlos Mesa, retiram outros candidatos para fraudar as eleições. Finalmente, os golpistas entendem que o povo vai votar no candidato do Movimento ao Socialismo (MAS), Luís Arce, e que a única forma de levar a melhor nessas próximas eleições é por meio de mais um golpe.
Deve ficar claro que o golpe feito contra Evo Morales representa uma cova cavada pelo próprio imperialismo e que, nesse momento, fica cada vez mais profunda à medida em que os Estados Unidos interferem mais uma vez na frágil democracia boliviana. Nesse sentido, é imprescindível que a mobilização popular se intensifique não apenas denunciando a fraude eleitoral, mas lutando pela derrubada de todo o regime golpista.