A década de 2020 começou com um um dos eventos mais dramáticos para a política mundial: o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani em um ataque ordenado pelo presidente norte-americano Donald Trump, um verdadeiro crime contra todos os povos do Oriente Médio. A imprensa burguesa em todo o mundo, no entanto, tratou o acontecimento como uma mera operação administrativa dos Estados Unidos – quando não defenderam abertamente o ataque norte-americano, procuraram mostrar que o governo iraniano seria uma grande ameaça para o planeta.
A caracterização do Estado iraniano como “terrorista” e “opressor” não passa, obviamente, do mais puro cinismo do imperialismo. Afinal, não existe terror maior que o praticado pelos Estados Unidos, França, Inglaterra e todos os países imperialistas, tampouco opressão maior do que a que esses países exercem sobre os países atrasados.
Os ataques que o povo iraniano, o povo sírio e outros povos do Oriente Médio sofrem de seus governos são ataques de muito menos intensidade do que os ataques provocados pelos países imperialistas, pois a burguesia desses países é muito mais fraca e menos organizada. A burguesia do Irã, como a de seus vizinhos (Síria, Iraque, Líbano, etc.), é sufocada pelo imperialismo, de modo que suas contradições com países como os Estados Unidos são inevitáveis. E são justamente essas contradições que levaram muitos países do Oriente Médio, da África e da América Latina a estabelecerem governos nacionalistas burgueses, que combinam interesses da burguesia nacional com maiores condições para que a classe operária intervenha na situação política.
Um dos maiores exemplos de como o imperialismo procura desmantelar os governos nacionalistas para impor a política neoliberal goela abaixo é a criação do criminoso e artificial Estado de Israel. Formado em 1948, Israel é um Estado criado pelos países imperialistas no meio do Oriente Médio – em uma região, inclusive, que já era habitada por outros povos. Controlado ferrenhamente pelo imperialismo, Israel é um enclave colocado estrategicamente para que a burguesia mundial pudesse interferir diretamente – e, inclusive, belicamente – em suas investidas contra os povos palestino, persa, turco e árabe, a fim de sugar todas as suas riquezas, particularmente o petróleo.
Na madrugada da última sexta-feira (10), uma série de ataques aéreos assassinou pelo menos 8 membros das Forças de Mobilização Popular do Iraque. Os ataques aconteceram na fronteira da Síria com o Iraque e foram denunciados pelo governo sírio e pelas Forças de Mobilização Popular como uma investida que só poderia ter sido ordenada pelos Estados Unidos ou por Israel – a imprensa libanesa afirmou que foi Tel Aviv quem disparou os mísseis.
Os ataques promovidos pelos Estados Unidos e pelo seu país-satélite, o Estado de Israel, são frequentes o ano inteiro. É uma constante declaração de guerra aos povos do Oriente Médio, uma espécie de “recado” para que os governos nacionalistas se dobrem às exigências do imperialismo. Fica claro, portanto, que toda e qualquer ação por parte do Irã ou de seus países vizinhos contra os Estados Unidos e contra o imperialismo em geral não passa de uma reação, uma ação defensiva diante do massacre diário ao qual são submetidos.