Tem surgido entre setores da própria burguesia a defesa do impeachment de Bolsonaro. É uma clara expressão da impopularidade do governo.
Não há dúvida de que a impopularidade do governo Bolsonaro, e por consequência a crise do próprio regime político, tem aumentado vertiginosamente. Não que essa impopularidade já não existisse desde o início do mandato de Bolsonaro. Vale lembrar que a eleição ocorreu baseada num golpe de Estado e numa fraude descarada que colocou Lula na cadeia.
Um ano e alguns meses se passaram e a população, que já não apoiava o governo, pode assistir às toneladas de medidas anti-povo por parte do governo. Tudo isso impulsionou a rejeição popular ao governo. Um bom termômetro da situação política é o próprio carnaval. No ano passado, a festa popular foi um enorme palco de manifestação contra Bolsonaro, com o grito de “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”. Esse ano, o fenômeno se repetiu de maneira ainda mais intensa e, além do canto do ano passado, também ouviu-se diretamente a palavra de ordem “fora Bolsonaro”.
As emissoras de TV não conseguiram esconder, nem mesmo os desfiles das escolas de samba conseguiram controlar seus enredos, abertamente contra Bolsonaro.
Diante dessa pressão popular, setores da esquerda pequeno-burguesa, que até então se recusavam a convocar ofora Bolsonaro começam a falar em impeachment. Não por coincidência no mesmo momento em que setores da própria direita começa a defender o impeachment de Bolssonaro. Mesmo se considerarmos que tudo isso ainda possa vir de setores pontuais da burguesia ou mesmo que seja apenas demagogia com o eleitorado, fato é que se começa a falar em uma saída institucional para derrubar Bolsonaro.
Impeachment: manobra institucional
Embora seja a expressão da impopularidade profunda que há em relação ao governo Bolsonaro, o impeachment é já uma manobra de setores da burguesia para tentar resolver a crise por meio de uma solução institucional.
Ao embarcar nessa política, a esquerda, que até agora se recusou a chamar o fora Bolsonaro e mais ainda a chamar o povo a sair na rua para derrubar o governo, esstá jogando água no moinho dessa manobra da burguesia.
A diferença é muito clara: para o movimento dos trabalhadores, as organizações populares e o movimento de luta contra o golpe é preciso uma saída independente da burguesia. É preciso chamar o povo a tomar a iniciativa para a derrubada do governo.
Essa é a tarefa da esquerda, pois é uma saída que não apenas derruba Bolsonaro, mas coloca em crise todo o regime político golpista. A mobilização dos trabalhadores seria capaz não apenas de derrubar o governo mas de fazer avançar as reinvindicações populares que seriam capazes de derrotar o golpe de conjunto.
Por isso, setores da própria burguesia já começam a falar em immpeachment. Sabem do perigo que é deixar a iniciativa nas mãos do povo. Se em algum momento a situação de Bolsonaro se tornar insustentável, a burguesia terá a carta na manga de tomar a iniciaitiva e trocar o governo de acotdo com suas próprias regras.
A esquerda precisa tomar a iniciaitiva, por fora das instituições golpistas, mas chamando o povo a sair nas ruas para derrubar o governo.
Até agora, a esquerda pequeno burguesa se recusa a chamar o “fora Bolsonaro”, mesmo depois do que foi visto no carnaval, mesmo depois da ameça do ato golpista do dia 15, mesmo depois de mais de um ano de governo de ataques sucessivos aos trabalhadores, mesmo com a fraude eleitoral e o golpe de Estado.
Essa política da esquerda só poderá levar o movimento de luta à derrota, deixando-o a reboque das manobras institucionais da burguesia. É por isso que esta na ordem do dia a organização de comitês de luta pelo fora Bolsonaro em todo o País.