A crise dentro do governo Bolsonaro e da direita se agravou, principalmente, após o pronunciamento na noite desta terça-feira (24/03). Após o pronunciamento diversos setores da esquerda e da direita se insinuaram a possibilidade de pedir a saída de Jair Bolsonaro da presidência da República.
Diante da enorme rejeição a Bolsonaro, ao oitavo dia seguindo de “panelaços” contra o governo, vazamentos de documentos confidenciais da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) sobre a pandemia de coronavírus no Brasil que contradizem o que foi dito no pronunciamento pela própria burguesia e a crise no interior da burguesia pressionou a esquerda pedir o fora Bolsonaro.
As recentes discussões entre governadores da extrema direita (Doria e Witzel) e dentro da própria base de apoio mostram o colapso do governo e o aprofundamento da divisão no interior da burguesia golpista.
Parte da esquerda que rejeitava amplamente a palavra de ordem de fora Bolsonaro e deixou a situação chegar a este ponto atual de crise, com tentativas e justificativas inócuas de convivência pacífica com os golpistas, de respeitar o resultado das eleições e de ‘controlar’ os excessos de Bolsonaro, acena – sem muita convicção – com a possibilidade de pedir de saída do presidente fascista.
O que poderia ser uma coisa muito boa para o desenvolvimento da luta contra o golpe em relação aos trabalhadores possui uma ‘pegadinha’ que pode enganar quem não estiver atento. A sutileza está em como e quem vai retirar Bolsonaro da presidência da República. Ou seja, impeachment ou Fora Bolsonaro e todos os golpistas.
Ao que tudo indica, essa esquerda não entrou de cabeça para pedir o fora Bolsonaro e retirar os golpistas do poder, pedir novas eleições e retomar os direitos dos trabalhadores. A esquerda entrou com essa palavra de ordem porque acham que é viável uma cordo com o ‘centrão’ e pedir o impeachment do Bolsonaro e colocar o General Mourão.
Tanto é assim, que apareceram até propostas formais apresentadas pela deputada do Psol-SP, Sâmia Bonfim, como em concordância de intelectuais da esquerda, como Breno Altman, ferrenho defensor da tese que não havia as condições pelo fora Bolsonaro. O que mudou da situação anterior para hoje? Somente a posição da burguesia em relação ao governo. Os trabalhadores e a população rejeitam Bolsonaro desde o início do governo, como vimos nos carnavais de 2019 e deste ano, em eventos etc.
A proposta, não é uma medida para mobilização dos trabalhadores contra o governo Bolsonaro e sim uma proposta de pressão sobre os deputados da direita para aprovarem o impeachment do presidente fascista. Sem mudar o caráter do regime político e reverter a situação de golpe e colocar para fora do governo setores que ajudaram no golpe e colocaram Bolsonaro no poder.
Na imprensa apareceu até a formação de um governo de salvação nacional diante da crise e inoperância de Bolsonaro. Segundo essa proposta, esse governo seria uma unidade com a direita golpista.
O impeachment é uma medida institucional que vai ser controlado pela burguesia e a direita no Congresso Nacional. Essa manobra da burguesia vai permitir que tome as decisões que achar mais adequadas para resolver a situação sem mudanças no fundamentais no regime político. Não teria mudanças fundamentais na política colocada em prática por Bolsonaro contra os trabalhadores e nem de como encarar a crise econômica e a pandemia de coronavírus. É só observar como os governadores de direita que controlam os estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina. Pouco está se fazendo para controlar a pandemia, a única medida colocada em prática é a quarentena sem dar as mínimas condições de se manter essa política para a maior parte da população do país.
Derrubar Bolsonaro pela mobilização e a força dos trabalhadores é uma medida que vai garantir uma mudança de rumo da política colocada em prática pela direita golpista e de reivindicações da população para atenuar a crise do coronavírus, acentuando a crise dentro do regime golpista, mesmo com manobras políticas da direita.
A esquerda tem que colocar em marcha uma política independente da burguesia, responsável pela subida de Bolsonaro a presidência e da atual crise em que vive o Brasil. Por isso, a politica correta não é uma medida institucional, como o impeachment e sim o fora Bolsonaro e todos os golpistas através da mobilização da população e dos trabalhadores.