Terça-feira (24), a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, anunciou a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Donald Trump. O motivo alegado para a abertura do processo contra Trump é uma pressão que o presidente dos EUA teria feito para que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, investigasse o ex-vice-presidente Joe Biden, que é pré-candidato à presidência pelo Partido Democrático. Trump telefonou para Zelensky em julho, e pediu a investigação contra Biden e também contra o filho do pré-candidato, Hunter, que se tornou integrante do conselho de uma empresa ucraniana quando Biden era vice-presidente dos EUA.
Independentemente das motivações oficiais para o processo contra Trump, e da procedência ou não das acusações, o verdadeiro sentido da abertura de um impeachment é político. As mesmas contradições que estavam presentes quando Trump foi eleito presidente continuam vigentes. O republicano representa uma ala minoritária dentro da cúpula do Partido Republicano e uma ala mais fraca da burguesia imperialistas norte-americana. O fato de que Trump conseguiu se impor como candidato republicano revelou uma crise do partido e do próprio regime político. E sua posterior vitória nas eleições revelou uma crise do regime político em geral.
De modo que agora os setores mais poderosos do imperialismo norte-americano tentam controlar Trump por meio de um processo de impeachment. É improvável que seja possível apresentar outro candidato republicano com Trump sendo presidente. Assim, o aparato procura resolver o problema do regime político com um candidato democrata, Joe Biden. No entanto, Biden está sob um ataque intenso de Trump, e corre o risco de perder as eleições. O impeachment pode ser um meio para se livrar de Trump e forçar uma candidatura republicana diferente.
Como analisado neste jornal na época da primeira eleição de Trump, esse governo seria marcado por contradições internas do imperialismo, resultado de uma crise do regime político e elemento de intensificação dessa mesma crise. O governo de Donald Trump foi marcado por demissões de ministros em postos-chave e por recuos e mudanças de posição, especialmente em questões de política externa. Agora o presidente dos EUA enfrentará um processo de impeachment, em uma tentativa dos principais setores da burguesia de contornarem o problema de ter que manobrar contra Trump nas eleições. Uma tentativa de retomar o controle do regime político em crise.