Um campo de imigrantes situado na periferia de Paris foi desmantelado na semana retrasada pela polícia francesa. Esse acampamento, que se encontrava perto de uma rodovia, nas proximidades do conhecido estádio Stade de France, abrigava cerca de 2400 pessoas, sendo a maioria refugiados do Afeganistão, Sudão e Somália.
Após o desmantelamento do acampamento, parte dos 2400 imigrantes que lá se encontravam foi instalada em albergues ou em hotéis. Entretanto, de 400 a 800 pessoas não foram realocadas e, em protesto, iniciaram uma caminhada da periferia até a Praça da República, no centro da capital francesa.
Na noite do dia 23 de novembro, os acampados foram mais uma vez expulsos de forma violenta pela polícia francesa. As chamadas “armas não letais” foram utilizadas, resultando em várias pessoas feridas. Em vídeos publicados na Internet, era possível ver policiais arrastando barracas com pessoas dentro ou tomando cobertas de acampados. Atitude essa similar àquelas tomadas pelas forças de repressão de São Paulo contra moradores de rua.
A brutalidade das forças de repressão foi tamanha que o ministro do interior da França, Gérald Darmanin, declarou nas redes sociais que “algumas imagens da dispersão do acampamento ilícito de imigrantes são chocantes. Acabo de solicitar ao chefe de polícia de Paris um relatório sobre a realidade dos fatos […]”. Entretanto, o primeiro ministro francês, Jean Castex, defendeu em um pronunciamento a ação das forças de repressão. De acordo com Castex, o trabalho da polícia é digno de homenagens, pois estavam aplicando as leis da República Francesa, agindo contra uma manifestação não autorizada e uma ocupação ilegal de espaço público.
Vale ressaltar que é dado pelo governo francês o nome de “tolerância zero” a política de perseguição aos acampamentos ilegais de imigrantes em Paris. Nessa situação, tomemos em consideração a declaração do chefe de polícia de Paris, publicada no dia 17 de Novembro na edição online do jornal Le Figaro.
A justificativa dada para o desmantelamento dos acampamentos seria a falta de higiene sanitária dos mesmos, que colocaria em risco os acampados, assim como a pessoas que moram nos arredores. Entretanto, o chefe de polícia dá ênfase, após apresentar as justificativas sanitárias, que “será providenciado abrigo aos que estão em situação legal. Mas os que estão em situação irregular não poderão permanecer em território francês”, evidenciando a política de perseguição a imigrantes ilegais tomada pelo governo da França.