Os imigrantes haitianos, assim como populações negras de outras nacionalidades, como venezuelanos, são vítimas de perseguição de tipo racista no Chile, incentivada pelo governo neoliberal de Sebastián Piñera. Insidiosamente, o governo relaciona a população estrangeira e, sobretudo, os negros com o coronavírus, criando estigma de grupo de propagação da doença.
Os monopólios de comunicação estão orientados a desenvolver este estigma ao associar constantemente o negro estrangeiro à doença, assim em capas de periódicos ou reportagens da TV se colocam negros para simbolizar os doentes.
Um fato marcante na escalada racista do Estado chileno aconteceu na cidade de Quilicura, região metropolitana de Santiago. Um grupo de 30 haitianos, incluindo aí crianças, que vivem em um condomínio na referida cidade, foram “denunciados” pelos vizinhos por suspeita de Covid-19, inacreditavelmente, a polícia, o Estado chileno, despejo-os de suas casas, jogou-os na rua. Uma medida abertamente fascista.
Também há relatos de maus tratos a essa população por parte do sistema de saúde, onde são destratados, tem que esperar muitas horas por atendimento por uma consulta na qual não são devidamente atendidos. Segundo o ativista Carl Abilhomme, porta-voz da comunidade haitiana na Região Metropolitana de Santiago, em matéria publicada pelo portal Brasil de Fato em 30/04: “o que se chama `urgência´ se transforma em `tenha paciência´, porque são 3, ou 4, ou 5, ou 6 horas que demoram para tomar sua pressão, e 3 horas mais para que um médico te examine, de depois vai te dar só um paracetamol”.
O governo estimula os preconceitos mais reacionários na população, um expediente bastante conhecido e utilizados na piores ditaduras fascistas. Transferir em parte ou por inteiro a “culpa” ou responsabilidade por determinada calamidade para um grupo interno identificável e indesejado pelo governo. A perseguição contra a comunidade negra, sobretudo estrangeira pelo Estado chileno é anterior ao vírus, já houve mesmo deportação de centenas haitianos pelo governo, assim como adoção de medidas discriminatórias, sob o rótulo de nacionalistas.
Como programas para profissionais de saúde, por exemplo, que institui que a maioria deve ser chilena, o que significa na prática a impossibilidade de outras nacionalidades que vivem no país de exercer uma série de atividades, uma espécie de sistema de apartheid embrionária, resquício da pinochetismo ainda incrustado no Estado chileno.