Recentemente, o jornal Estado de São Paulo publicou uma matéria sobre as 30 mulheres CEOs do S&P, fazendo uma propaganda de que as mulheres estão conquistando direitos e “subindo na vida”. Quem tem a mínima noção da realidade, porém, sabe que, para a imensa maioria das mulheres, a situação é diametralmente inversa, principalmente após o golpe de Estado de 2016 (que se aprofunda a cada dia que passa).
Com o avanço do golpe, uma série de direitos básicos foram retirados da população e foi gerado um grande empobrecimento geral, com as taxas oficiais de desemprego atingindo mais de 14 milhões de pessoas. As mulheres, por serem um setor mais vulnerável, estão sendo as mais afetadas, com cerca de 16,9%, maior que a dos homens (11,8%). Levando-se em consideração as mulheres e homens que estão na informalidade e que já desistiram de procurar trabalho, não contabilizados na estatística, esses números sobem para mais de 50% da população.
Fora o desemprego, o aumento nos custos de vida cresce e atinge toda a população brasileira. As famílias trabalhadoras sofrem, em geral, com essa situação cada vez mais agravada, mas a situação é particularmente ruim para as mães solteiras, trabalhadoras, pobres que têm de sustentar os filhos além de si mesmas. Além disso, as mulheres já ganham menos do que os homens, então à medida em que o salário mínimo não sofre aumento real, os principais afetados são justamente os que ganham menos: as mulheres.
Ou seja, enquanto a situação econômica se agrava, as mulheres nem mesmo têm onde colocar os seus filhos, uma vez que a direita está sucateando o ensino básico, faltam creches, etc., fazendo com que as mulheres fiquem presas ao trabalho puramente doméstico, ou quando não há nem mesmo esta possibilidade, as crianças são deixadas aos cuidados das crianças mais velhas.
Com a pandemia da Covid-19, essa situação catastrófica se agravou, a crise econômica aumentou e as mulheres que, em grande parte, tinham trabalhos informais, sem carteira assinada, perderam seus empregos e passaram a ficar 24 horas cuidando das crianças. Porém, sem o amparo devido do governo golpista, sem a merenda das escolas para as crianças, etc.
Ao contrário do que está sendo apresentado pela burguesia, a situação da mulher não está melhorando; está piorando. Os direitos estão sendo perdidos e estão precisando lidar com o avanço da extrema-direita e do imperialismo no mundo. A burguesia aproveitou a pandemia para atacar ainda mais o direito ao aborto legal, fechando clínicas e impondo leis para dificultar a sua realização legal, tratando a questão como caso de polícia.
Qualquer movimento em defesa da mulher sério deve denunciar amplamente a política do empoderamento, que tenta substituir a realidade da mulher por uma questão ilusória. Muitas vezes o empoderamento é utilizado para colocar mulheres em empresas ou na política e assim continuar a exploração capitalista, mas amenizando-a com a ideia de avanço para as mulheres. Além disso, é digno de nota ver que o veículo que está impulsionando essa política é o jornal Estado de São Paulo, um dos veículos de imprensa mais direitistas do Brasil.