Nesse sábado (16), a rede Globo estreiou uma âncora negra como apresentadora do Jornal Nacional. Maria Júlia Coutinho, a Maju, está sendo considerada ícone de uma vitória de “representatividade” por parte de um setor da esquerda identitária brasileira, a qual vem tecendo uma série de comentários elogiosos não apenas em relação a moça, mas também em relação a emissora a que representa.
O resultado da fervorosa luta identitária de parte do movimento negro, acaba, pois, fazendo odes a emissora de televisão que trabalhou sistematicamente para a viabilização do golpe de Estado responsável pelo recrudescimento ao ataque aos trabalhadores e ao povo negro. Por outro lado, é fundamental desmascarar o método demagógico do qual se serve a imprensa burguesa, na mesma linha da política fascista, para trabalhar politicamente as tensões sociais: a mesma figura utilizada para representar a imagem de uma luta social real é obrigada a defender publicamente as pautas de repressão e opressão que dão origem a sua própria subjugação social. O oprimido é pago para defender o opressor.
Dado o exposto, em vez de defender uma estratégia demagógica de marketing da direita, é preciso desenvolver a luta real do povo negro em aliança com os trabalhadores para acabar com sua opressão histórica.
Hoje, essa luta passa pela pauta central da esquerda que é lutar pela liberdade de Lula e contra o governo bolsonaro eleito pela fraude. O avanço da política fascistoide nas favelas e comunidades, responsável pela série de assassinatos por policiais do Rio de Janeiro, por exemplo, não pode ser contido pela presença de uma pessoa negra no jornal da burguesia o qual defende essa mesma política de extermínio.
Derrubar o governo Bolsonaro através de uma ampla mobilização social, por outro lado, representaria uma vitoria indiscutível da esquerda, colocando todos órgãos de repressão do estado burguês em recuo. Libertar o Lula, cuja perseguição política é o símbolo do avanço do método ilegal, arbitrário e fascista da direita sobre a esquerda, ainda mais, tende a desenvolver toda uma tendência de luta e organização sociais capazes de suportar o avanço da luta pelas pautas libertação real dos oprimidos.
A luta, pois, deve se desenvolver materialmente, construindo uma organização dos negros de maneira independente, por meio de uma imprensa própria do movimento negro que vise seguir até as últimas consequências, por meio da mobilização, a libertação real da opressão.