Muitas vezes uma determinada política desenvolve-se de uma maneira extremamente esdrúxula e esquisita que acaba revelando seus contornos mais sombrios e bizarros ao longo do tempo. Assim, o que começou no bojo das manifestações contra o racismo nos EUA, a derrubada de estatuas, ampliadas e autonomizadas pelos chamados identitários tem provocado uma onda de destruição do patrimônio histórico e cultural.
O resultado dessa política é a busca incessante de alvos que representariam a “opressão da branquitude” e, portanto, que deveriam ser destruídos como parte de uma suposta “reparação histórica”.
Recentemente, tem crescido nos Estados Unidos, ataques contra estátuas de Maria , especialmente em cidades como Boston, Nova York, São Francisco, Los Angeles e Sacramento.
Um importante ativista norte-americano, o ex-pastor protestante Shaun King, fundador da organização Real Justice PAC, tem defendido a destruição de murais e vitrais que apresenta a imagem de Jesus Cristo e Maria como brancos, segundo ele uma manifestação “ grosseira de supremacia branca”. Em 22 de junho sua conta no Twitter, Shaun King postou
“Yes. All murals and stained glass windows of white Jesus, and his European mother, and their white friends should also come down. They are a gross form white supremacy. Created as tools of oppression. Racist propaganda. They should all come down.” @shaunking
( “Todos os murais e vitrais de Jesus branco, sua mãe europeia e seus amigos brancos também devem ser derrubados. Eles são uma forma grosseira de supremacia branca. Criado como ferramentas de opressão. Propaganda racista. Todos eles devem ser derrubados”) @ shaunking
O que as derrubadas de estatuas e as chamadas ações de “cancelamento” revelam é uma posição reacionária de pretender “ cancelar” determinadas expressões culturais. Além do mais, afinal, qual a prova que se tem que Maria, Jesus etc. não eram brancos? Mesmo que não fossem, não há motivos para destruir aquilo que é patrimônio histórico e cultural de um setor da população.
A política identitária não leva a nada de progressista, e não proporciona nenhuma luta efetiva contra a opressão racial, sendo tão somente uma expressão sectária da esquerda pequeno burguesa que cria uma cortina de fumaça para introduzir uma luta desesperada por uma maior integração no regime político burguês, não da população explorada, mas apenas de uma camada dos setores médios.
De qualquer forma, o apelo para a destruição de imagens religiosas de forma alguma representa um ataque contra os racistas, nem com contra a “supremacia branca”, que continua através da opressão econômica, policial e social com ainda mais força do que antes. Além do mais, a destruição do patrimônio cultural, permite o pretexto conveniente para a direita, que tem mais meios legais e extralegais, para impor censura e cerceamento da liberdade de culto religioso, atacando inclusive as religiões de origem africana.