Divulgado no dia 13 de novembro (quarta feira), o artigo Desigualdades por Cor ou Raça do IBGE apontou que a população negra (pele preta ou parda) tem cerca de 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio quando comparada à população branca. Chama a atenção o fato de que, entre os anos de 2012 a 2017, a taxa de homicídios contra brancos manteve-se estável o tempo todo por volta de 16 óbitos a cada 100 mil brancos. Por outro lado a população negra sofreu variações notáveis aumentando e reduzindo em seguida, entre 2012 a 2015, porém mantendo-se na faixa de 35 a 40 óbitos por 100 mil negros. Chama a atenção o fato de que justamente a partir de 2016 (ano do golpe) a faixa de 40 óbitos por 100 mil habitantes foi enfim ultrapassada e em 2017 chegou a quase 45 óbitos por 100 mil habitantes.
Ou seja, a partir do golpe, apenas a taxa de homicídios contra negros passou a apresentar um crescimento aparentemente linear e que rapidamente ultrapassou os limites dos anos anteriores. Se esta fosse uma discussão acadêmica, alguém poderia argumentar, de forma cretina, que apenas dois anos seguidos não são suficientes, do ponto de vista estatístico, para afirmarmos que o golpe está intensificando o massacre à população negra. No entanto não estamos lidando com uma questão acadêmica, mas sim política. Sendo assim, basta relacionar a escalada do fascismo, que começou com a preparação do golpe de 2016 mas que escalou com a “vitória” eleitoral de Bolsonaro, com o aumento nos índices para atestarmos que a tendência é inevitavelmente a extrema-direita gerar mais vítimas.
Dando prosseguimento aos achados da pesquisa, observou-se que a população jovem é a mais suscetível a homicídios de um modo geral, no entanto entre negros a taxa de mortes por homicídio é de 98,5 óbitos a cada mil negros, ao passo que entre brancos é igual a 34 óbitos a cada mil brancos. Ou seja, quase 3 vezes maior.
Acerca da violência não letal, o folheto utilizou a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar(PEnSE) de 2015 como referência. Onde apontou-se que, ainda que estando na mesma rede escolar, a tendência é de que negros vivenciem situações de violência com mais frequência do que brancos. Tal fato joga por terra ilusões pequeno burguesas como o entendimento de que o racismo seria um problema meramente econômico, contudo, mesmo quando estão na mesma rede de ensino, o que pressupõe uma proximidade de renda e semelhança na qualidade do ensino, ainda assim o racismo vitimiza a população negra com maior frequência.
Não podemos perder de vista que o cotidiano em situações de violência é fator de risco tanto para o desenvolvimento de transtornos psíquicos como para envolver-se em situações de violência. Sendo assim, especialmente nas favelas e periferias, onde a política de guerra às drogas se faz mais notável, mas também no campo, torna-se fundamental a dissolução das PMs, maiores instrumentos de violência contra a população negra no Brasil, como pontapé inicial para um real enfrentamento ao genocídio da população negra.