Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a informação de que, no ano de 2018, a maioria dos alunos do ensino superior eram negros. Tal fato imediatamente gerou uma série de questionamentos – afinal, o povo negro é pisoteado na sociedade capitalista, e, no governo Bolsonaro, a perseguição tende a ser ainda maior.
Mais uma pesquisa recente, com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), mostra a situação do povo negro está longe de melhorar. De acordo com o levantamento, apesar de os negros supostamente serem mais de 50% dos alunos em universidades públicas, ainda assim passam longe de serem maioria em cursos de maior concorrência e/ou conhecidos como carreiras de bom retorno financeiro.
O ingresso nas universidades públicas, especialmente nos cursos mais disputados, demanda de fatores como tempo e dinheiro para um devido “preparo” nos vestibulares, que nada mais são do que uma maneira de peneirar um perfil bem específico de alunos, no qual pobres e negros não são bem vindos. Outro ponto a ser destacado é a permanência nos cursos universitários – como se sabe, nem todos alunos podem abdicar de seus trabalhos para se formar. A escassez de cursos noturnos já evidencia que as universidades públicas não buscam se adaptar ao perfil de alunos que precisam trabalhar em horário comercial para tirarem seus sustentos enquanto estudam a noite. Atualmente, das 10 maiores notas de corte de 2018, somente dois cursos ofertam opções noturnas: Física da USP e Engenharia Mecânica da UFPR.
Outro ponto a ser destacado é a assistência estudantil, essa que poderia ser uma das ferramentas para a manutenção de estudantes oriundos das camadas mais baixas em cursos de horário integral. A assistência, no entanto, vem sendo atacada desde o golpe de 2016.
O sistema de cotas se mostra assim como um mecanismo limitado para o acesso e permanência de negros e pobres nas universidades públicas, sendo necessária uma luta decidida pela derrubada do Estado burguês, que utiliza o racismo habilmente como mecanismo de perpetuação do capitalismo, colocando a população negra como o setor mais explorado do sistema. Além disso, é necessário o imediato fim dos vestibulares, pois sua função é justamente impedir o ingresso das massas.