Menos de um dia após a posse de Joe Biden como novo presidente dos EUA, o apresentador da Rede Globo, Luciano Huck, comemorou a posse do democrata em sua conta do Twitter, marcando o novo presidente do país.
Na mensagem, Huck diz:
“Que @JoeBiden ajude a pôr o mundo de volta na trilha da esperança, sustentabilidade, crescimento e combate às desigualdades. Trump foi capítulo nebuloso da democracia dos EUA: truculento, negacionista, construtor muros e não de pontes. Sai pela porta dos fundos da Casa Branca.”
Com isso, o apresentador tenta conseguir a benção do imperialismo para ser o candidato oficial da burguesia nas eleições de 2022.
Não é de agora que Huck tenta fazer este tipo de manobra. Nos últimos dias, ele aumentou o número de críticas diárias que realiza contra Jair Bolsonaro, inclusive com um chamado na internet para a realização de um panelaço contra o governo, sendo que em 2018 gravou vídeos de apoio ao fascista, dizendo que ele tinha uma “chance de ouro” para “ressignificar a política do Brasil”, além de dizer que “jamais votaria no PT”.
Agora, o que mudou é que a burguesia sente a necessidade de substituir Bolsonaro por alguém mais confiável, que vá seguir à risca tudo o que é determinado pela classe dominante para explorar cada vez mais a população, sem demonstrar isso em suas falas, como faz Bolsonaro, o que pode levar a uma convulsão social, que é o que a burguesia teme.
Huck tenta, então, encabeçar a chamada “frente ampla”, grupo que teria em seu interior partidos e organizações de esquerda comandadas pela direita pró-imperialista. Exatamente o mesmo que ocorreu nos EUA em favor de Biden e contra Donald Trump.
Com a decomposição do regime político e com a crise do governo Bolsonaro, a burguesia sente a necessidade de manobras como a da frente ampla, pois sabe que precisa controlar a população para que ela não tenha o mínimo de vitória política.
Dentro da frente ampla, inclusive, faz parte o plano da burguesia que ficou conhecido como “plano Biden Brasileiro”, que consiste em apontar alguém como sendo a fonte de todo o mal e colocar alguém, este sendo o chamado “mal menor” para o derrotar nas urnas.
Na frente ampla encontra-se de tudo, desde a própria Rede Globo, patroa de Huck e um dos principais órgãos no golpe de estado de 2016, até o MDB de Temer, com Baleia Rossi, e o DEM de Rodrigo Maia, que se nega a iniciar qualquer projeto de impeachment.
A publicação de Huck no Twitter tenta ter um ar pseudoesquerdista para fazer média com a esquerda pequeno-burguesa, aficcionada por falas ditas “lacradoras”, utilizando termos como “negacionismo”, “combate às desigualdades” e “sustentabilidade”. Huck também se utiliza de um discurso proferido pelo Papa Francisco após Trump tomar posse (2017), dizendo que deveriam ser construídas pontes e não muros.
No entanto, Huck tem outras personalidades que querem se vender como o Biden brasileiro. Dentre elas, Ciro Gomes, que pediu a benção a Biden logo que ele foi eleito, e João Doria, que encabeça a “guerra das vacinas” contra Jair Bolsonaro.
No entanto, qualquer que seja a figura política, nenhuma delas pode ser boa para a população brasileira. Esse é justamente o setor que deu o golpe de estado, que deu sustentação para que Jair Bolsonaro pudesse ser eleito e governar e que impôs várias medidas contra a população, como privatizações e o fim da previdência no país.
A esquerda não pode ficar à reboque da direita e deve constituir uma força à parte, que lute pelos direitos dos trabalhadores e saia às ruas. As alianças com os grupos de direita podem parecer, à primeira vista, um aumento no número das forças contra Bolsonaro, mas, se olharmos para a política desses grupos, logo vemos que a esquerda acaba por fazer uma aliança com os setores que sustentam Bolsonaro e sua política no governo.
A única saída real para a população e para a esquerda dentro deste marco de completa falência do regime internacional do capitalismo é a organização da classe trabalhadora, fazendo uma ampla mobilização pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas. Ao mesmo tempo, a esquerda precisa investir na luta pela restituição dos direitos políticos de Lula, única personagem de esquerda no atual cenário político que tem grande apoio das massas e, justamente, a única figura que a direita não aceita de forma alguma na presidência.
A própria frente ampla, a qual Huck quer ser o líder e candidato oficial, não aceita que Lula participe e, caso isso ocorra, tende inclusive a apoiar o próprio Jair Bolsonaro para impedir a vitória do candidatura petista.