DCO – O Hospital Pérola Byington (São Paulo-SP), principal referência na realização de aborto legal no país, suspendeu os procedimentos transformando o ambulatório que acolhia mulheres vítimas de violência sexual em um espaço para triagem de pacientes gripados diante da crise do coronavírus.
O serviço de interrupção de gravidez em casos de estupro, feto anencéfalo e risco de vida à gestante, é legalizado no Brasil. Sua interrupção leva mais mulheres a serem criminalizadas por reivindicarem um direito básico, como divulgou, em nota, a Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto.
Para a organização, a suspensão “representa grave barreira no acesso ao aborto legal, empurrando as mulheres para a ilegalidade. Uma ilegalidade que, como mostram os dados, impõe maior risco à saúde e à vida, principalmente das mulheres negras e empobrecidas.”
Porém, a medida que ataca um direito essencial das mulheres não se limita ao Brasil. Na verdade, trata-se de uma manobra da direita a nível global. Nos Estados Unidos, por exemplo, o direito ao aborto foi suspenso no Texas e em Ohio, penalizando quem descumprir a ordem com prisão de 180 dias e multa de US$ 1.000,00.
Os procedimentos do Hospital Pérola Byington eram realizados por meio do programa “Bem Me Quer”, que também dá assistência à mulheres vítimas de violência. Em meio a crise do novo coronavírus, os casos de agressão multiplicaram em todos os países afetados, o que torna o ato de suspender o programa ainda mais criminoso.
A conclusão que esta medida revela é que a direita está usando a pandemia como pretexto para atacar intensamente os direitos básicos das mulheres e da população. Esse direcionamento da burguesia internacional já vinha acontecendo antes da crise, como foi por várias vezes denunciado por este diário.
Agora, entretanto, esta política direitista está se aprofundando. Aproveitando-se da comoção causada pelo vírus, direitos fundamentais, como de ir e vir, o direito à organização e manifestação, estão sendo suprimidos. Em Porto Alegre, por exemplo, idosos que saírem às ruas podem ser multados. Já no Rio de Janeiro, o governador fascista Wilson Witzel (PSC) suspendeu o Passe Livre para estudantes, em nome da defesa da quarentena.
Diante desta situação, torna-se ainda mais necessária a mobilização pelo Fora Bolsonaro e todos os governadores golpistas. Ficar em casa apenas favorece a política burguesa de retirar os direitos fundamentais da população.
Pelo direito irrestrito ao aborto, dia 18 de abril, todos às ruas contra Jair Bolsonaro e a direita!