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Homofobia: novo pretexto moral para atacar o futebol

No último domingo (25/08), o árbitro Anderson Daronco, aos 19 minutos do segundo tempo, paralisou a partida entre Vasco e São Paulo, realizada em São Januário, no Rio de Janeiro, em razão de cantos homofóbicos dirigidos pela torcida vascaína ao clube paulista.

Na ocasião, a torcida do Vasco gritava “time veado” à equipe tricolor quando o apitador interrompeu o jogo e dirigiu-se ao treinador carioca Vanderlei Luxemburgo, alertando-o a respeito da proibição do comportamento dos torcedores. Luxemburgo, então, virou para as arquibancadas e pediu para que as manifestações parassem.

Ao término do jogo, o árbitro registrou o ocorrido na súmula oficial da partida.

A decisão do árbitro vai ao encontro da recomendação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), endereçada aos clubes na semana passada, segundo a qual atitudes preconceituosas, em particular homofóbicas, deveriam ser relatadas em súmula, bem como poderiam gerar a perda de três pontos ao clube da torcida “infratora”. Essa recomendação é uma inciativa que busca colocar o STJD em consonância com as últimas normas da FIFA, que vão no mesmo sentido, e com a recente decisão do STF que equiparou a homofobia e a transfobia ao crime de racismo.

Embora, à primeira vista, possa parecer um avanço para a causa dos LGBTs, essa medida, na realidade, constitui um verdadeiro “tiro no pé” dos setores explorados e oprimidos da população.

Longe de tocar na raiz do problema, a saber, na estrutura de classes da sociedade capitalista e no seu garantidor fundamental, o Estado burguês, a punição aos cânticos homofóbicos mira exclusivamente as manifestações mais superficiais da opressão, suas manifestações verbais, as manifestações que se expressam na linguagem, deixando totalmente intactos os fundamentos materiais do fenômeno.

Mais grave ainda, ao proceder dessa maneira, ao buscar controlar e reprimir as formas de expressão dos torcedores, acaba-se atacando os direitos democráticos do povo, que são fundamentais na luta política contra o Estado burguês. O cerceamento da livre manifestação do pensamento, a censura de determinadas ideias, a proibição de expressar certas opiniões, por mais reacionárias que sejam, terminam por fortalecer os mecanismos de repressão, violência e controle que as classes dominantes sempre usaram, e continuam a usar, contra os pobres, os negros, os homossexuais, os transexuais etc. É possível imaginar que a libertação dos setores LGBTs virá através da atuação dos árbitros de futebol, dos dirigentes e cartolas dos clubes, das federações e confederações de futebol, do STJD, da FIFA, do STF? A reposta é óbvia: não. Tais órgãos não são neutros; são instrumentos forjados para servir e satisfazer interesses bem determinados, os quais, obviamente, não têm que ver com os interesses populares. Não sejamos ingênuos: os árbitros, os cartolas, o STJD, a FIFA, o STF etc. não têm nem o poder nem o interesse de contribuir com a luta dos setores oprimidos do povo.

O objetivo dessas instituições é outro.

Sob a cobertura de um pretexto moralmente legítimo — o combate à homofobia — o que se pretende é aumentar o controle externo sobre o futebol através da ampliação da área de intervenção das instituições de poder que servem aos grandes capitalistas. Agora, a CBF, o STJD, a FIFA e, por que não, até a polícia e o Poder Judiciário, poderão intervir ainda mais no jogo de futebol, punindo determinado clube e torcida, alterando resultados de jogos já realizados por meio da retirada de pontos, e assim por diante — e poderão fazer tudo isso em nome do “combate à homofobia”. Trata-se de mais um campo aberto para arbitrariedades de todo tipo, tendo em vista a defesa dos interesses políticos e econômicos das classes que exploram monetariamente o futebol. Ao invés de combater a opressão dos LGBTs, reforça-se o poder e os instrumentos de dominação daqueles que são os principais responsáveis pela manutenção da opressão dessa camada social.

Já dissemos em inúmeras oportunidades, mas é importante repetir: a censura, as punições de todo tipo, a criminalização de certas condutas, a repressão policial não constituem caminhos capazes de levar a luta dos setores LGBTs à vitória. Somente a auto-organização, a formação de comitês de autodefesa, a luta contra a direita e a extrema-direita e, portanto, contra o governo Bolsonaro, podem fazer avançar a luta dos LGBTs e dos setores oprimidos em geral.

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