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Coisa do "futebol moderno"

Homofobia nos estádios: mais um pretexto moral para destruir o futebol

Um ataque contra a liberdade de expressão cujo objetivo é atacar as torcidas organizadas

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está preparando uma regra que visa parar as partidas no meio caso a torcida estiver cantando algo considerado homofóbico. A primeira vez que isso ocorreu no Campeonato Brasileiro foi no jogo entre Vasco e São Paulo, em São Januário, no último domingo, dia 25. A CBF cogita ainda até mesmo a perda de pontos dos clubes no campeonato, entre outras retaliações.

Diante disso, vários clubes começaram a se manifestar favoravelmente à introdução das novas regras. A imprensa golpista, incluindo aí principalmente a Rede Globo, apoiou com todas as letras tais medidas. Um verdadeiro espetáculo de demagogia por parte da burguesia, tradicional quando se trata de temas como esse da homofobia.

As regras supostamente anti-homofobia caíram na graça das torcidas de esquerda, que nesse momento são formadas em todos os principais clubes em todas as regiões do País. O que mostra o nível de confusão da esquerda sobre o assunto.

Antes de fazer qualquer apreciação é preciso fazer alguns questionamentos: 1) A homofobia será interrompida censurando as torcidas?; 2) Teria a CBF se transformado em uma instituição de esquerda realmente interessada em defender os LGBTs?; 3) A mesma pergunta vale para a Rede Globo e a imprensa golpista: teriam se transformado em grandes corporações progressistas?; 4) Quem terá o poder de decidir qual clube será punido?

Essas são apenas algumas perguntas, mas antes de respondê-las seria importante fazer uma consideração sobre a censura. Sob qualquer pretexto que seja, dar o poder para que uma instituição reacionária como a CBF possa dizer o que deve ou não ser dito no estádio é simplesmente um ataque à liberdade de expressão. Os moralistas da esquerda não irão gostar de tal afirmação, mas fato é que, ao se proibir que seja dito qualquer coisa, isso é censura e por consequência, é uma medida reacionária e portanto contra os interesses do povo, incluindo aí os próprios LGBTs.

Como toda censura, os primeiros que vão sofrer os efeitos serão os próprios oprimidos. Ser contra esse atentado à liberdade de expressão não significa ser a favor ou compactuar com determinados cânticos das torcidas. Qualquer pretexto moral não justifica tal ataque. Cada um grita o que quer dentro do estádio, assim como cada um diz o que quer nas ruas, se outra pessoa não gosta, não é obrigada a gritar junto e tem o direito inclusive de tentar convencer o outro a não fazer. Mas nunca se deve pedir que qualquer instituição controlada por uma corja como é o caso da CBF tenha o poder de censurar uma torcida, com centenas ou milhares de pessoas.

O jornal burguês de Minas Gerais, BHAZ, procurou as duas maiores torcidas de Minas para uma declaração. A Máfia Azul, do Cruzeiro, disse que não iria se pronunciar, já a Galoucura, do Atlético Mineiro, afirmou em nota que “já proíbe bandeira, sinalizador, o que tem em todos os outros países, só aqui que é assim” e continua: “isso não ofende ninguém. A gente não está falando especificamente com o torcedor. Isso só está acabando com o futebol, cada vez mais. Está começando o futebol moderno, e nós não apoiamos”.

Não sabemos qual a posição política da diretoria da Galoucura, mas devemos dizer que concordamos com todas as palavras da nota da torcida. A tentativa de proibir os cânticos é mais uma medida para estrangular as torcidas organizadas, é mais uma proibição absurda, ilegal e arbitrária para esmagar a livre organização do torcedor, e de todo o povo em última instância.

É a política do chamado “futebol moderno” que está destruindo o futebol. É o futebol europeu, imperialista, ou seja, controlado pelos grandes monopólios capitalistas, que quer impor aos brasileiros um comportamento “ético”, ou como gostam de chamar no futebol, o “fair play“. Tudo isso é parte de uma campanha moralista cujo único objetivo é destruir o futebol, e principalmente destruir as torcidas para elitizar o esporte. Se não há torcidas organizadas, não há gritos, nem homofóbicos nem qualquer outro. A classe média alta e a burguesia, que têm dinheiro para pagar os preços exorbitantes das arenas, não canta, apesar de serem os verdadeiros inimigos não só dos homossexuais, mas do pobre, do negro e das mulheres. Ou seja, a homofobia não será combatida com censura. Essa elite, “almofadinha”, poderá ir aos estádios e continuar sendo a escória que é, e ficar sentadinha, calada e comportada.

Outra questão que vem à tona é a seguinte: se uma torcida mandar o atual presidente da república ir tomar naquele lugar como vem sendo comum nas ruas e inclusive nos estádios, teremos punição ao clube e à torcida? Gritar “Ei, Bolsonaro, VTNC!” no estádio também estará proibido ou a esquerda que defende tais censuras acha que apenas os cantos das torcidas serão punidos? É mais fácil uma torcida que xingou Bolsonaro ser punida do que qualquer outro motivo. E Bolsonaro, o maior homofóbico do País, já que está na presidência da República, será transformado em grande vítima da homofobia.

Por fim, é claro que nem a CBF, nem a rede Globo se transformaram em grandes progressistas combatentes do preconceito. O que temos aqui é a velha campanha moralista para justificar um ataque político. Nesse caso, além do ataque às torcidas e ao futebol de maneira geral, a proposta que prevê a interferência em campo caso haja “manifestações homofóbicas” tem também uma questão importante. Esse não é nada mais do que um mecanismo para aumentar o controle dessas instituições sobre os resultados dos jogos. Afinal, quem vai decidir o que foi homofóbico ou não? A própria CBF, os juízes, o maldito VAR talvez. Tudo fica de acordo com as arbitrariedades dessas ilibadas instituições do futebol.

Não há pretexto moral que possa justificar a interferência externa no jogo. O futebol se ganha em campo. Não devem existir fatores externos que interfiram no campeonato, sob pena de termos um verdadeiro vale tudo. Os resultados estarão ainda mais sob o controle daqueles que têm o poder de decidir o que foi homofóbico e o quanto deveria ser a punição. É o reino da arbitrariedade como são todas as leis que visam punir as pessoas pelo que foi dito. O problema da homofobia não será resolvido, pelo contrário, será reforçado e deve piorar, mas o problema da manipulação do futebol e portanto de sua destruição como esporte popular e genuíno da cultura brasileira vai piorar e muito.

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