Na semana passada, por conta da polêmica envolvendo a punição a manifestações consideradas homofóbicas nos estádios de futebol o tema da criminalização da LGBTfobia voltou à tona. A esquerda pequeno-burguesa e identitária, totalmente manipulada pelos interesses do imperialismo, que procura fazer demagogia com esses setores para justificar a censura e o aumento das penas, saiu em defesa da punição total a quem consideram homofóbicos.
Durante os debates sobre o tema, que envolveram inclusive um artigo deste Diário denunciando a manipulação para censurar as torcidas nos estádios, um fato marcou a política nacional e mostrou o quanto a posição da esquerda pequeno-burguesa é adaptada aos interesses da burguesia. Marcelo Crivella, prefeito evangélico do Rio de Janeiro, mandou retirar da Bienal dos quadrinhos uma publicação que continha um beijo entre dois homens. Já que estamos falando de homofobia, a ação de Crivella pode ser enquadrada em um caso grave do que agora se transformou em crime.
Mas, embora seja grave, não se viu por parte dos que se dizem defensores dos LGBTs e de colocar todo mundo na cadeia por conta de homofobia a mesma gritaria que foi ouvida no caso do debate sobre a homofobia nos estádios. Por que tanta diferença de comportamento?
De acordo com a lei da “criminalização da homofobia” aprovada pelo STF, é crime passível de prisão qualquer manifestação homofóbica. Crivella é prefeito do Rio de Janeiro e usou seu cargo para passar por cima da lei e censurar um livro de história em quadrinhos. Nesse caso, o crime de homofobia tem inclusive agravantes. Mas não se viu nenhuma campanha consequente pedindo cadeia para o prefeito. A não ser alguma manifestação nas redes sociais não se viu a esquerda pequeno-burguesa organizando um ato e fazendo campanha para colocar Crivella na cadeia.
Houve protestos contra Crivella, é verdade. Mas os protestos não eram sobre a prisão dele, mas denunciavam corretamente a censura por parte do prefeito. Na nossa opinião, o crime de Marcelo Crivella é exatamente a censura. Esse é o ponto que deve ser denunciado. A perseguição aos homossexuais e LGBTs por parte do Estado tem por trás a censura contra todos. O avanço dessa censura, que já é possível ver em muitos casos, é o avanço da ditadura da extrema-direita golpista no Brasil.
Já a esquerda pequeno-burguesa identitária prefere censurar e colocar na cadeia as pessoas que segundo ela seriam homofóbicas. Nesse caso, estão com Crivella, cada um sob um pretexto moral diferente. Mas, de acordo com ela, Crivella deveria ser preso, mas não há nenhuma campanha séria (na realidade nem pouco séria) para isso.
Fica claro que para essa esquerda cadeia, censura e repressão só vale mesmo quando é contra o povo. Quando é contra o trabalhador. Quando se trata, por exemplo, de calara uma massa de pessoas (90% delas pobres e negros) que estão num estádio cantando e gritando alguma coisa. Já quando se trata de um poderoso, um direitista que ativamente se coloca a favor da perseguição aos LGBTs, não se vê o mesmo ímpeto dessa esquerda pequeno-burguesa.
É como sempre dissemos: as leis são para os pobres. A esquerda, adaptada à direita, quer perseguir os pobres mas se esconde debaixo da cama e foge quando precisa enfrentar os poderosos.