Uma carta digna de golpista para golpista, assim pode-se resumir a carta de agradecimento do comandante do Exército, General Villas Boas ao presidente usurpador Michel Temer, divulgada pelo canal do Centro de Comunicação do Exército em 13 de dezembro.
Recheada de cinismo e de fantasias heróicas de exaltação a feitos por parte de militares das Forças Armadas, a carta faz um balanço de dois anos de tutela do executivo pelo Exército.
“Receba, presidente Temer, o respeito sincero pela condução da direção suprema de nossas instituições”… “e especialmente por entender as especificidades inerentes à profissão militar, incluindo-nos em suas decisões como ferramentas fundamentais à defesa do país, à manutenção da paz e principalmente ao cumprimento irrestrito da Constituição”.
O golpe de Estado no Brasil não teria ocorrido sem a decisiva participação das Forças Armadas. A partir de 2014, acentuou-se no interior do Exército, principalmente nos círculos dos militares da reserva, uma campanha aberta contra o governo do PT.
Diante da derrota do golpe com a vitória eleitoral de Dilma em 2014, a campanha se expandiu para a caserna. Um dos porta-vozes dessa campanha é o vice-presidente eleito pelo golpe e pela fraude, general Olímpio Mourão, que em diversas palestras pelo país não escondia o papel golpista do Exército na campanha pela derrubada de Dilma.
Com a consumação do golpe com o impeachment os militares rapidamente expandiram seus tentáculos para dentro do Palácio do Planalto, tomando o controle do governo Temer através do Ministro do Gabinete Institucional, General Sérgio Etchgoyen, promoveram a ocupação militar do Rio de Janeiro e de outros estados e finalmente passaram a tutelar o STF, impondo um assessor direto ao seu presidente, o general Fernando Azevedo.
Toda a operação de “aproximações sucessivas” dos militares sobre os poderes da República atende única e exclusivamente o aprofundamento do golpe para impor o programa econômico de destruição da economia nacional em favor do imperialismo norte-americano: “reconhecemos no senhor a preocupação de recuperar e prestigiar as instituições do estado; a coragem por implementar as reformas econômicas que o país demandava, ainda que impopulares…”.
Ao contrário do que o cínico Villas-Boas declara, os militares estiveram à cabeça dos que rasgaram a Constituição, para impor pela força os planos do imperialismo. Foram os artífices da prisão fraudulenta de Lula e da eleição que impôs um fascista à frente da presidência da República, com o objetivo de levar o golpe às suas últimas consequências.
Uma questão central que se coloca na luta política do momento é a mobilização popular para fazer frente ao golpe e aos militares. Que eles voltem para a caserna.
Tomar as ruas pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas e pela liberdade de Lula é o único caminho para a vitória.