Em fevereiro de 1933, aconteceu um incêndio no Parlamento alemão (Reichstag), localizado em Berlim. O Plenário foi completamente destruído pelas chamas.
Adolf Hitler havia sido nomeado para chanceler pelo presidente do Reich, Paul Von Hindemburg, há cerca de um mês. O fuhrer manifestava receio de uma insurreição dos comunistas, uma vez que a crise econômica era profunda e os partidos Social Democrata (SPD) e o Partido Comunista (KPD) eram grandes e influentes sobre a classe operária. Os social-democratas governavam em diversos Estados do país, possuíam bancadas parlamentares. A esquerda dirigia os sindicatos e dispunha de importantes veículos de imprensa.
O episódio serviu como uma justificativa para a implementação de uma política de terrorismo de Estado. Desencadeou-se o terror nazista, voltado para o completo extermínio de todas as organizações operárias e partidos políticos de esquerda (SPD, KPD, USPD). As forças de repressão do Estado – Forças Armadas, polícia – e as milícias fascistas se lançaram nas prisões, torturas e assassinatos dos dirigentes e militantes da esquerda alemã.
Na mesma noite, a polícia recebeu ordens de Goring para prender deputados comunistas e funcionários do Partido. O presidente Hindemburg assinou o Decreto do Presidente do Reich para a Proteção do Povo e do Estado. Esta medida suprimiu os direitos democráticos de liberdade de expressão, reunião e imprensa. O direito de sigilo de correspondência foi abolido. O governo nacional também adquiriu poderes extraordinários para para intervir nos Estados, a fim de garantir “a paz e a ordem”.
O decreto de Hindemburg abre o caminho para a repressão nazista, que dispõe dos instrumentos legais para realizar uma ofensiva contra a esquerda, livre de qualquer impedimento. Jornais da esquerda foram fechados. Até o mês de Abril, o regime prendeu aproximadamente 25 mil pessoas. A imprensa apoiava as medidas extraordinárias que cassavam os direitos democráticos e instituíram a ditadura nazista. Hitler foi alçado como o salvador da Nação contra o perigo de insurreição comunista.
O incêndio do Heichstag foi obra dos próprios nazistas, com o intuito de criar um fato político, jogar a responsabilidade sobre os comunistas e criar um clima favorável para à cassação dos direitos fundamentais e à repressão contra a esquerda. Alegava-se que os comunistas haviam tentado dar um golpe de Estado.
Os partidos políticos da direita conservadora tradicional conferiram plenos poderes a Hitler. O próprio disse que “agora não há mais piedade. Quem se colocar no nosso caminho, será eliminado”. A experiência histórica comprova que o fascismo é uma opção política da burguesia, que utiliza conforme seus interesses. Os partidos burgueses tradicionais e as instituições apoiaram e deram sustentação política à repressão terrorista do regime nazista.