Fernando Haddad, o ex-candidato à Presidência da República em 2018 que expressou a capitulação da direção do PT às manobras fraudulentas da extrema-direita – as quais retiraram Lula do pleito para Bolsonaro vencer -, enviou uma mensagem ao 1º de Maio virtual realizado com os bandidos político da direita. Participaram desse ato virtual Fernando Henrique Cardoso, Ciro Gomes, Marina Silva, Eduardo Leite, Paulinho da Força. João Doria, Wilson Witzel, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre foram convidados, porém não compareceram.
Em sua mensagem, Haddad fala em “impedir os retrocessos e recompor o campo progressista”. Denuncia também que “Bolsonaro vem atacando todas as conquistas de décadas da classe trabalhadora”. Fala em “combater os neoliberais que estão dilapidando os nossos direitos para que possamos recobrar a força necessária para o movimento sindical, para o movimento social não apenas impedir o que está sendo feito, mas revigorar e passar à linha ofensiva e voltar a adquirir os direitos dilapidados nos últimos 4 anos”.
Chama a atenção que, em nenhum momento, Haddad falou na luta pelo “Fora Bolsonaro” e, tampouco, procurou convocar a população e a militância de base de seu partido a fazerem campanha nas ruas pela derrubada do governo classificado, inclusive pelos próprios petistas, de genocida e inimigo do povo e dos trabalhadores brasileiros. Na visão de Haddad, a luta deve ser por impedir a retirada de direitos, sem avançar rumo à derrubada do governo que promove essa retirada. É um paradoxo: como impedir os ataques aos trabalhadores e o genocídio em marcha sem a derrubada imediata, pelas ruas, do governo Bolsonaro?
Mesmo para reaver os direitos que foram dilapidados, seria necessário a reabertura dos sindicatos para que cumprissem a função de defender os trabalhadores. Haddad nem sequer cita esse fato, apesar da necessidade de que a classe trabalhadora lute por meio de suas organizações próprias.
Quando fala em recompor o “campo progressista”, Haddad tem em vista a política da Frente Ampla, que significa o atrelamento da esquerda à direita dita “democrática”, “científica” e “civilizada”. Essa mesma direita – que busca dar-se uma nova aparência – é aquela que promoveu o golpe de Estado contra a presidenta eleita Dilma Rousseff e organizou a prisão do ex-presidente Lula, a cassação de sua candidatura e mobilizou todo seu forte aparato (currais eleitorais, dinheiro, influência política, articulações internacionais) para viabilizar a eleição de Jair Bolsonaro.
O fato de participar de um ato virtual com os bandidos políticos da direita diz muito sobre a política que Haddad, de fato, defende. Na prática, ele quer que os trabalhadores fiquem à reboque do bloco político do Centrão, um bloco golpista que sustentou Bolsonaro até este momento e só vai substituí-lo se isso for do interesse da burguesia.
Depois da fraude eleitoral de 2018, que resultou na derrota da esquerda, Haddad prontamente desejou “Boa Sorte” a Bolsonaro – que até então era taxado como fascista e a barbárie em pessoa – e afirmou que o “Brasil merecia o melhor”. Se, Bolsonaro era a barbárie, como desejar que a barbárie desse certo? É importante recordar que, em sua campanha eleitoral, o fascista falou em “metralhar os petistas no Acre”, “limpar as cúpulas dos partidos de esquerda”, começando pelo PT e “banir os bandidos vermelhos da pátria”. Imaginem se o desejo sincero de Haddad se realizasse e Bolsonaro conseguisse ter a sorte necessária para levar esses projetos adiante?
A Frente Ampla, materializada no 1º de Maio com os bandidos políticos da direita, só pode conduzir os trabalhadores e a população em geral a mais derrotas, retirada de direitos, aprofundamento do neoliberalismo, fome e miséria.